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segunda-feira, 1 de maio de 2017

Depois da morte

                 Acredite, somos mais do que pensamos. Quando a nossa carne apodrece, não nos perdemos num universo de vermes e pó. Alguma coisa sobra de nós e em algum local esse resto de nós permanece até que nos seja dado um destino adequado.
                Não se trará de religião, de crença, de fanatismo, ou seja lá do que se possa chamar. É uma questão de lógica. Enquanto vivos de carne, somo muito mais do que pensamos e podemos fazer coisas que a cada dia superam o que pensávamos que podíamos fazer. Se hoje podemos subir um morro amanhã podemos galgar com facilidade uma montanha. E a nossa mente trabalha diariamente em busca de novos desafios, desafios estes que são vencidos enquanto outros surgem, uns mais desafiadores do que os outros, mas temos a certeza de que uma hora ou outra vamos vencer. Então não faz sentido toda essa energia, toda essa força simplesmente dissipar-se no tempo e no espaço quando a carne morre. Existem teorias variadas a respeito do que acontece após a morte, mas a verdade é que talvez ninguém tenha razão. Ou talvez ganhe o páreo quem mais usar de razão e ciência para explicar o que ocorre. Mas é certo: não nos apagamos para o nada e tudo o que vivemos e fizemos não se perde. Nada foi em vão.
                Então, como crente de uma teoria nesses moldes, penso que não devemos perder tempo nem desperdiçar energias com coisas fúteis ou de cunho prejudicial tanto para mim mesma quanto para o outro. Independente de qualquer coisa, religião ou crença, já está mais do que comprovado de que quanto melhor vivemos, mais felizes somos e viver bem não quer dizer que devemos ter a maior riqueza material possível. Quanto mais nos concentramos no bom caminho, melhor nos saímos. Quanto mais concentramos nossos pensamentos em coisas boas e em obras benéficas a todos, melhor nos sentimos e a partir de então evoluímos enquanto ser pensante, ser complexo.
                Não condene quem pensa diferente. Antes condene quem pensa no mal. Não é uma questão de crença, volto a insistir e sim uma questão de ser humano. Toda essa nossa energia, que nos move a realizar grades feitos, que nos faz deparar com situações incríveis, deve ser utilizada em prol do bem. Todo mundo conhece uma história fantástica de alguém que sobreviveu sob condições absurdas, que passou por calamidades, doenças e outras coisas e continua aí, de pé, distribuindo simpatia. Então, com base em muita coisa que já vimos, afirmo: não nos perdemos depois da morte. Não interessa pra onde vamos, como vamos, se teremos essa mesma consciência de quando estamos com a carne viva, mas algo de nós é deixado para os que ficaram. E justamente por isso devemos ter cuidado com o que fazemos enquanto vivos.
                Não queremos deixar incômodo. Tenho certeza que por mais desafetos que as pessoas tenham, todos gostariam de ser lembrados como algo bom, uma pessoa que valeu a pena conhecer. Então, cuidemos de nossas energias, cultivemos bons fluidos para que, quando deixemos esse plano, o que fique de nós seja amor. Que sirvamos de inspiração para os que ficaram. Nossa energia vai permanecer, nossa mente não morrerá e o correto seria que ela servisse de orientação e boas referências. Somos capazes de muitas coisas, então concentremo-nos em coisas boas. Não somos perfeitos, claro, e sempre teremos momentos de falha. Mas garanto que o que importará será o conjunto da obra, a energia como um todo e instantes defeituosos não serão nem vistos, serão absorvidos pela essência de bondade.

                Por favor, não diga que a sua religião é a correta e que o resto do mundo não vai se salvar. Fazendo isso você está dando sinais de uma energia retrógrada e ignorante, o que não interessa para ninguém. Seja bom exemplo, concentre suas forças no que realmente interessa: o amor. 

O roteiro de Belchior

             Hoje foi o dia do grande Belchior.
            Para ser mais exata e a título de registro, foi em 29 de abril de 1017, na cidade de Santa cruz do Sul, no meu querido Rio Grande do Sul.
        Começo, novamente, a me questionar a respeito de certos acontecimentos, relacionamentos e futuro. Recuso-me a acreditar que ficamos perdidos no espaço e tempo após a nossa ida. Não aceito que toda essa nossa energia simplesmente se dissipe e se perca e a coisa siga como se não tivesse existido nada além de nada onde antes havia uma mente brilhante, uma vida cheia de histórias, exemplos, gestos, falas e lições, além de muito sentimento. Não é possível que tamanho dispêndio energético simplesmente desapareça. Não falo que religião A ou B estão corretas ou que certa doutrina ou aquela detém a razão. A coisa é bem maior do que isso, muito maior do que nossa mente pequena e pouco utilizado cérebro possam compreender.  E não tem jeito, enquanto formos infantes não teremos a certeza exata do que acontece após a grande viagem, até porque a forma de viajar é peculiar de cada um. Não existe uma generalização.
            Independente do modo de partida, como já diz o ditado, o que faz a diferença é o modo como se viaja. Digo melhor, o modo de como nos preparamos para a viagem. Será que quero viajar logo? Será que alguém me ajudou a arrumar as malas ou ajudei a fazer as malas de alguém? Será planejei criteriosamente o meu roteiro ou simplesmente estou “deixando a vida me levar” e depois vejo no que dá?
            Existe muita preocupação com o transporte e o caminho. Mas não vejo preocupação igual com esses detalhes, tão importantes para que tenhamos uma partida feliz, tranquila, sem arroubos ou grandes tristezas, apenas deixando para trás o que é mais do que normal: aquela saudade gostosa, que consola nosso coração com a felicidade de termos feito parte da preparação do roteiro de alguém. Chorar faz parte, fazer escândalo, não.
            Infelizmente nossa pequenez nos leva a querer fazer tudo do jeito que der, não importando a preparação. Com isso, não importa como amos, que horas vamos e quantos só viajam porque outro simplesmente assim o quer, por motivos impossivelmente mais fúteis e grotescos.
            Mas não estou a falar disso hoje. Estou a agradecer aos céus por ter nos enviado tão grande alma, tão espetacular mente, que nos inspirou e nos inspirará ainda por muito tempo. Se alguém soube ajudar as malas e organizar o roteiro de viajem, esse alguém foi Belchior.
            Obrigada por tudo. Quem sabe um dia nos encontramos e eu poderei agradecer-lhe pessoalmente.

            R.I.P., Belchior. 

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Questionamentos sobre a tristeza

                Eu sei que a tristeza pode ser um meio de aprendizagem. Mas sei também que não sou perfeita, sou humana e propensa a todas as caídas e recaídas que um ser humano normal pode sofrer. Mas acho que justamente por isso, o cansaço está vencendo meu ânimo e por vezes  fico sem saber o que fazer ou pensar, como agir diante de determinadas situações. Se formos atrás de textos de auto ajuda, de sites que falem de tristeza e de como sair dela, vamos encontrar uma gama muito grande de religiosos, cada qual puxando brasa para a sardinha da sua igreja. Outros mostrarão frases de lugar comum, como dizer que o nosso problema não é o maior do mundo e que tem sempre alguém sofrendo mais. Mas é lógico que sabemos de tudo isso e é mais lógico ainda que pelo menos eu, dentro da minha ignorância espiritual, procuro levar todos esses conceitos comigo. Não precisa ser muito inteligente e sim ser um pouco humano para saber dessas coisas e saber também que, embora nosso problema não seja o maior do mundo, é o nosso problema, é o que está doendo, machucando, angustiando... Não posso comparar minhas preocupações com a de uma pessoa que não tem o que comer, que não tem família e encontra-se em um estado miserável de vida. É mais do que lógico isso. Mas dói, angustia, gera ansiedade e como machuca!
                Machuca mais ainda quando os nossos problemas não podem ser resolvidos por nós mesmos, dependem de outros para isso. Aí a ansiedade, a tristeza triplica. E nesses casos e realmente não conheço nenhuma frase de efeito geral para me conformar. Pelo menos comigo, eu começo a rever todos os passos que dei e começo a me perguntar se eu não poderia ter feito melhor. Sou mãe, sou esposa, sou profissional, dona de casa e posso garantir que não faço nada sem pensar em como minha família vai ficar. Não posso fazer o que quero, na hora que quero nem do jeito que quero, pois existem pessoinhas que dependem de mim. E justamente por isso fico me cobrando, tendo certeza de que poderia ter tomado decisões melhores na vida, especialmente depois que fiquei viúva. Mas na hora em que as decidi, não estava pensando somente em mim ou agindo como uma egoísta, queria ver o bem estar comum. Mas mesmo assim, ainda fico me perguntando onde errei e tentando me vigiar o tempo todo para não errar.
                É muito ruim quando você tem a sua história atrapalhada pelos outros. Nossa vida é um crescimento constante, hoje você provavelmente está bem melhor do que há alguns anos em vários aspectos.  Mas, e quando algum intrometido te atrapalha? Quando seus pais fazem tudo errado? E quando seu marido, que tinha tudo que qualquer ser humano normal deseja ter, com um lar e uma família linda, resolve se matar? E então, ter que começar tudo de novo, do zero?
                Tantas pessoas da minha idade e da minha época que viveram linearmente e quando olho para elas sinto uma certa inveja. Não do que elas têm de material, até porque eu nem sei o que muitas delas têm. Mas porque elas construíram uma vida de forma constante, crescente, sem intromissão de ninguém que as forçasse a começar tudo de novo, de uma maneira louca, sem precisar fazer coisas absurdas para sobreviver.
                Existem certas decisões que não adianta revogar, não adianta chorar o leite derramado. Mas mesmo essas, ainda podem ter seu lado positivo. Eu fico pensando se tivesse feito de outra forma, mas a essa altura, não adianta ficar nessa. Tenho mais é que seguir, sacudir a poeira e fazer a coisa certa com o que tenho. Mesmo imaginando que jamais pensei em passar por algumas situações. E é isso que dói. Fora o fato de ter sido forçada a ser adulta muito cedo. Como é que eu passei de criança que assistia Xuxa todo dia para dona de casa? Como é que eu hora estava andando de bicicleta lá na minha cidade do coração, com o vento (que adoro) no rosto, sentindo toda a liberdade que eu poderia ter naquela idade e de repente eu ter que tomar conta de compras, casa, banco, dinheiro, carro, marido, filhos, emprego e por aí se vai? Por que as pessoas se acharam no direito de atropelar minha vida, maltratando-me e me colocando em situações mais do que absurdas, que as pessoas da minha idade não passaram?
                Por que eu tive que ir para uma delegacia simplesmente porque minha mãe queria me dar uma prensa, queria mostrar que era ela quem mandava, sem que eu nunca fumasse maconha ou usasse outras drogas, nunca cometi nenhum crime e não passasse de uma menina medrosa que teve que perder o medo de tudo para sobreviver?
                Por que eu tive que andar a pé até a desnutrição enquanto estava no começo da faculdade, por que eu tinha que comer o que me davam de ajuda, porque eu não tinha dinheiro nem pra ônibus nem pra almoço, mas para os meus pais nunca faltou carro, comida e lazer?
                Por que eu tive que assumir a educação de um jovem sem que eu nunca tivesse tido nenhuma experiência com cuidado de outras crianças, ainda mais em se tratando de adolescentes, uma fase extremamente difícil? Como, se eu mesma era adolescente?
                Por que eu tive que ficar calada até adoecer, doença essa que carrego até hoje, comendo meus ossos, minhas cartilagens e me obrigando a tomar altas doses de morfina todos os dias?
                Meu espírito é de natureza livre. Não leviana, mas livre. Livre para poder ajudar quem eu queira, conversar, ter um amigo do coração, poder me deslocar para onde quiser, o que não significa que curto festas e baladas, não bebo nem fumo, mas acho que não existe melhor passeio do que ver vitrine de shopping com meus filhos. E por que tive essa liberdade arrancada de mim, meu amigo expulso da minha vida e minhas asas cortadas? Tudo foi se juntando de forma que hoje procuro me libertar desse peso acumulado nos ombros. Muita coisa ainda dói muito, porque não depende só de mim. Espero que logo, logo, tudo se resolva, para que eu possa então partir para outros rumos, em busca de minhas realizações que não incluem somente a mim. Quero ter tranquilidade para poder voar, com responsabilidade, com amor, com atenção. E quero sentir a leveza que uma mulher de quase quarenta anos deve sentir, com toda a realização e felicidade que deve ser sentida. Não quero me olhar no espelho e me ver cansada de tanto lutar, nadar, nadar e morrer na praia. Quero ver a tranquilidade de uma missão cumprida. Eu sei que isso hoje, atualmente, é meio difícil, volto a dizer, por conta da dependência de outras pessoas. Mas espero um dia poder sentir novamente aquela liberdade cheia de leveza, alegria e amor, muito amor.

                

quinta-feira, 13 de abril de 2017

LUTO

            Existem muitas formas de luto.
            E existem muitas causas de luto.
           A maneira como cada um vai sentir é própria, inerente de cada um. Não existe um padrão. Você pode chorar, pode ficar calado, pode gritar, espernear ou simplesmente ficar quieto e sentir-se o mais miserável dos seres. Pode exagerar na comida, na música, na farra, na bebida, fazer seja lá o que for. E do mesmo jeito, existem várias causas desse sofrer e não somente por causa da morte.
          A morte pode despertar vários sentimentos e emoções, desde uma aparente indiferença até o desespero total. Quando meu esposo faleceu eu fui da descrença até o ódio mortal, este último sendo justificado, na minha cabeça, pelo fato de ter sido de forma deliberada. Passei por maus lençóis, com duas crianças para dar conta, uma vida financeira completamente forasteira para mim. Depois de casada, nunca mais havia feito compras em mercantil, não sabia quanto custava o quilo de nada e muito menos qual a senha do meu próprio cartão. Então, ter que descobrir como me apropriar de tudo isso, enterrar um marido (que também não é fácil em termos burocráticos, além do sentimental), enfrentar a vida com meus dois filhotes, pôs-me em uma situação de pânico completo. Lembro perfeitamente de uma vez que fiquei um bom tempo com a cabeça debaixo do chuveiro pensando em como seria a nossa vida dali pra frente, se eu iria conseguir levar tudo certinho.
            Meu luto foi meio louco e extremamente vigiado. Eu não podia apresentar nenhuma reação alegre em nenhum momento, pois os meus sogros, especialmente a minha sogra já estava ali para me lembrar e condenar que eu havia perdido o marido, o grande filho dela. Ele realmente era um homem bom, responsável e de bom caráter, como poucos. Mas eu tinha duas vidinhas que precisavam de estímulos e precisavam entende o que estava acontecendo e eu não podia simplesmente parar, colocar a cabeça no meio das pernas e chorar o tempo todo. Foi uma situação atípica, onde por um lado eu tinha que mostrar aos filhos força para continuar, que eles tinham que aprender a superar, a vida continuava e de outro, nos momentos em que eu queria fazer o que me dava na telha para enfrentar meu luto, tinha que me comportar de um modo padrão, pois qualquer vacilo poderia ser motivo para um monte de falação. Mal sabia eu que tanto fazia eu seguir as regras como não e quem sabe se eu não tivesse seguido-as, a coisa tinha sido diferente.
            O ser humano quando quer é a pior coisa que se pode ter ao lado da gente. Jamais vou entender certos comportamentos. Mesmo eu fazendo de tudo para não machucar ninguém e deixar bem claro o quanto de falta ele estava fazendo, ainda saí de ruim da situação toda, levando minha família, naquele momento composta somente por nós três, a ouvir e ver certos comportamentos e comentários horrorosos e condenatórios que até hoje não entendo a necessidade. Mentira, calúnia, fofoca, parece que tudo o que estava sendo seguro pela barragem da presença do meu falecido esposo veio à tona depois que ele se foi. E por isso tive que dar início à minha peregrinação por um local decente e apropriado onde meus filhos pudessem viver e crescer de forma saudável.
            Nessas horas, embora seja um jargão comum, é que conhecemos as pessoas. Todas as máscaras caem e podemos identificar quem realmente se importa com o outro, quem se preocupa em ver o próximo bem.
            Até hoje vivo numa luta constante para ver meus filhos o mais confortáveis possível, em todos os aspectos. Isso não quer dizer que eles tenham tudo o que querem, pelo contrário, as dificuldades são grandes por conta de todo sufoco daquela época que ainda respinga hoje. Mas elas vão passar de vez. Minha doença, na cabeça de alguns familiares a grade causadora do enorme sofrimento do meu esposo falecido, avançou demais e com isso não é sempre que posso fazer o quero, do jeito que quero, na hora que quero. Mas existem pessoas que me ajudam muito e dedicam a vida a batalhar junto comigo para que todos nós fiquemos bem.
            Eu é que, por vezes, não acho justo que ninguém se prenda a mim ou deixe e fazer outras coisas por minha causa. Não gosto disso, pois acho a liberdade um direito essencial e quando eu vejo que posso impedir alguém de fazer algo, sinto-me um completo estorvo. E aí, aquele luto enraivado aparece de novo. Não posso desistir de viver nunca, mas a tristeza por vezes toma conta de um jeito que não sei o que pensar.
            Queria muito que as coisas fossem diferentes, mais fáceis, melhores. Sei que a vida não é um mar de rosas e não teria graça nenhuma se o fosse o tempo todo. A beleza está na luta diária também. Mas mesmo essa luta cansa e desanima às vezes, principalmente quando dependemos de outros para que nossas coisas andem. Só um pequeno exemplo: todo o dinheiro que juntamos durante anos, inclusive heranças de meu pai, dinheiro do carro que vendi na época e não tive tempo de comprar outro, ainda está preso, há quase seis anos. Mesmo se tratando de um processo fácil, tanto ele quantos outros direitos que meus filhos têm, ainda não estão resolvidos então, quando passo por alguma dificuldade financeira, a primeira coisa que me lembro é disso e me sobe uma raiva, uma indignação sem tamanho. Até bem pouco tempo não era assim, mas as necessidades das crianças aumentam e eu, pode você dizer até que é exagero, sinto-me decepcionada, enraivada, pensando em até onde isso vai. Acho que por isso tudo, meu ciclo de luto ainda não terminou completamente. Penso que só vai finalizar no dia em que conseguir colocar tudo em ordem e me livrar de toda nesga do passado.
            Espero que daqui a pouco eu venha com notícias melhores.

            Paz e bem.   

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Para ajudar você

     Achei um aplicativo onde as pessoas, de forma anônima, escreviam sobre seus problemas, falavam sobre tudo o que sentiam, suas dúvidas, angústias e os usuários respondiam com dicas, conselhos ou simplesmente poderiam enviar algum "carinho virtual" para quem estava precisando. Fiquei pensando em como seria bom se eu pudesse ajudar as pessoas a tirar suas dúvidas, principalmente as relacionadas à minha área. No aplicativo, cheguei a responder algumas pessoas, quase que "orientando" algumas mulheres sobre saúde sexual e reprodutiva e também sobre algumas questões comportamentais, psicológicas. Senti-me muito bem, muito útil e comecei a buscar uma forma de ajudar mais gente. Eu mesma publiquei um tópico sobre algo que estava me incomodando demais e recebi respostas maravilhosas. Então, como disponho desse pequeno espaço aqui, quero tentar ajudar quem quer que seja, quem estiver precisando de uma orientação, de uma palavra confortante. Deixo bem claro que não digo a ninguém que abandone tratamentos ou que não busque orientação médica quando necessário. Mas quero ser apenas aquele ouvido virtual, já que usamos bastante essa tecnologia diariamente e por incrível que pareça tendemos a ser sinceros na internet, quando estamos escondidos na forma de um perfil desconhecido. Então, a partir de agora, se você quiser perguntar algo, tirar alguma dúvida ou simplesmente desabafar sobre qualquer assunto que seja, estarei aqui para ouvir e conversar. Só se identifique se quiser, esse não é o foco. O objetivo é ajudar as pessoas a colocar para fora o que está incomodando e dar-lhes uma palavra de orientação e conforto. Não sei de tudo, aliás, ninguém sabe. Mas quem sabe a gente possa encontrar um caminho ou o fato de desabafar já melhore, alivie? Seja lá qual assunto for. Estou às ordens, ok? Aguardo. Valeu!

quinta-feira, 16 de março de 2017

Das voltas que a vida dá

          A vida é um ciclo onde aquele local, aquele momento que já vivemos, pode voltar a ser vivido a qualquer momento. São fases, mas fases que circundam a nós e se formos um pouco atentos podemos perceber quando isso acontece. É um fenômeno que nos dá a oportunidade de melhorar, pois a partir do instante em que voltamos a viver aquela situação, podemos melhorá-la, consertá-la, corrigi-la. 
          Estava em meu escritório lendo a bíblia, vendo alguns trechos sugeridos bastante interessantes e de repente me vi novamente na casa da minha avó, onde passe uma parte de minha infância. Incrível com eu me senti lá, com o mesmo cheiro, a mesma luz, a mesma calmaria que a rua dela tinha naquela época. E não foi a primeira vez que senti isso e sempre que acontece, procuro ver o que está faltando eu fazer para me sentir bem. Não que hoje eu me sentisse mal, mas novamente fiz uma reflexão sobre como estava minha vó, por exemplo. É meio complicado de explicar, mas espero conseguir. 
          Às vezes algumas situações nos põem em contato com os nossos, com o nosso passado ou com algum problema ou momento feliz. Uma palavra, uma conversa, uma fala consegue nos conduzir até aquela lembrança de algo que muitas vezes está mal resolvido. Não necessariamente nos traz más lembranças, mas pode nos dar o privilégio de nos sentir bem de novo, como um momento vivido de felicidade e de paz. É nessas horas que devemos aproveitar esse ensejo e fazer uma avaliação de como estamos em relação ao que lembramos. Será que falei tudo o que queria falar naquele momento? Será que eu agi de maneira correta com aquela pessoa? Eu poderia ter vivido melhor aquela situação? Magoei alguém naquela ocasião?
          É tudo como um flashback, como um filme rápido que nos traz sensações de toda ordem. Colocamos-nos de novo ali, naquele dia, naquela hora para podermos analisar e ver se realmente vivemos corretamente, se agimos de modo digno ou se poderíamos fazer melhor. Aproveitemos essas sugestões do tempo para nos melhorar. Pensemos no que fizemos de certo para continuar fazendo mas não deixemos de lembrar do que erramos, para que possamos consertar enquanto ainda é tempo. Um dia, aquela(s) pessoa(s) que estava(m) lá conosco pode(m) não estar mais e não teremos mais a oportunidade de nos corrigir diante dela(s). 
          Então, prestemos atenção a cada dia, a cada gesto, a cada palavra. Vejamos se magoamos alguém, se realmente precisava ter falado daquele jeito ou se poderíamos ter agido de modo mais sutil, mais educado. Se vivermos muitas situações de modo errado, teremos que nos corrigir muito mais vezes e perderemos um tempo precioso, que poderia estar sendo utilizado para fazer o bem. Não ajamos com grosseria, pensemos que aquela agressão pode se voltar um dia contra nós e não vamos gostar. 
          Na dúvida, siga a dica: somente faça ao outro aquilo que você gostaria que fizessem com você. Peça perdão quando necessário, fale brandamente com quem esbraveja, não copie o mau exemplo. Quem faz o errado se desconcerta diante do certo e perde forças para continuar errando. Não se combate violência com violência, rancor com rancor. Combate-se a antipatia com simpatia, a grosseria com bons modos, a raiva com amor, a ignorância com paciência. Aproveitemos essas voltas que a vida dá para sermos melhores, fazendo o certo seremos melhores, indubitavelmente. Desse modo as chances de acertar aumentarão significativamente e a vida se tornará bem mais leve, fácil de ser vivida e feliz.  

segunda-feira, 13 de março de 2017

Cada povo tem o governo que merece

13/03/2017 18:18h 
O país todo está passando por uma crise sem tamanho. Muita gente está sofrendo por falta de emprego ou dinheiro curto. Acaba nos afetando também porque dependemos dos outros para ganhar um dinheiro extra, extremamente necessário todos os meses. Mas todo começo de ano é assim. No Brasil, parece que as coisas só andam depois do carnaval, olhe lá se não na Semana Santa. Estou decepcionadíssima com este país. Somo de uma extensão territorial gigantesca, mas a vida que os brasileiros leva difere em muito do potencial que essa terra tem. Somo tão ricos que mesmo sendo roubados desde a sua descoberta, ainda temos muito a oferecer.  
         Políticos e outras figuras públicas sempre se aproveitaram para comer seu pedaço, garantir o seu, desviando dinheiro de saúde, educação e de outros setores importantes. O que era para ser destinado a fim de aliviar a fome e a pobreza acaba nos cofres de bancos em outros países. E, com a cara mais limpa do mundo, pedem voto e apoio em todas as eleições, as mesmas caras lisas. Fazem reformas absurdas, criam leis que garantam seus privilégios e o povo se fodendo. O mais absurdo ainda é que, por uns míseros trocados, muita gente troca seu voto. E assim, continuam a eleger os mesmos caras de pau, dizendo que já que eles roubam, deixa ao menos ganhar 50 reais (ou menos). 
      Cada povo tem o governo que merece, que é sua cara. Não acredito em ninguém da classe política e não vejo como sairmos desse buraco, pois por mais que pareça, não existem super heróis, nem ninguém disposto a lutar pelo país sem ter grandes benefícios. Ah, o juiz tal não é assim. É assim sim. Hoje mesmo ele leva vantagens que ninguém vê, mas leva e vai levar muito mais se continuar o seu endeusamento. Ah, mas bom era na época do outro presidente. Mentira. Em todas, digo TODAS as épocas a corrupção rondou nosso país, sugando-lhe todas as energias possíveis. Ah, mas fulano rouba, mas faz. Grande conformismo, não é?  A que ponto chega a consciência de um povo que poderia ser e ter muito mais. Somos cabeças baixas, ainda que tentemos falar, pois quando um fala, faz-se de tudo para calá-lo. E somos contra o sistema até a hora de entrarmos nele, pois a aprtir do momento em que conseguimos alguma vantagem, começamos a agir de forma semelhante aos calhordas que nos comem pelo pé. Começamos a querer tirar o nosso pedaço do dinheiro público. Vê se algum político, ainda que tenha origem humilde, anda de metrô, com em outros países europeus? Vê se alguma figura pública tem um apartamento modesto MANTIDO PELO SEU PRÓPRIO SALÁRIO, como em outros países? Vê se tem alguém do poder utilizando um avião comercial, desses que todo mortal comum usa? Não tem! Porque a partir do momento que recebemos algum poder, a cerne da corrupção começa a falar mais alto e queremos esquecer nossas convicções verdadeiras, as que eram a favor de uma igualdade entre as pessoas.  
     Não falo que os outros países são a maravilha do mundo, mas estão a anos luz na nossa frente principalmente em termos de civilidade. Aqui, cidade limpa é uma exceção, que merece reportagem e exaltação, como se fôssemos animais que adoram estar no lixo. Sofremos de doenças há muito erradicadas em outros locais, como a dengue. Mas não somo capazes de ser higiênicos e organizados dentro de nossa própria casa, que dirá no espaço público. Por mais que alguém mantenha sua casa limpa, em ordem, não existem garantias de que o mosquito não vá surgir e causar um estrago, porque o vizinho não está nem aí se o quintal dele está cheio de poças de água ou pneus velhos. Esse egoísmo é o retrato de nosso atraso. E por causa desse egoísmo, não podemos sair de onde estamos, pois somente se caminha para a frente quando se pensa coletivo, em humanização, em preocupação com o próximo. Não é uma questão de religião. É uma questão de empatia. Quando começamos a nos preocupar com o outro, sentimo-nos bem e progredimos. Quando começamos a cobrar nosso direitos, estamos cobrando pelos direitos de todos e assim toda uma população pode se emancipar. Um pensamento tão fácil, um sentimento tão bonito e legal, não devera ser deixado de lado. Mas não, só pensamos no nosso pedaço, no nosso conforto. Ah, mas eu não maltrato ninguém nem meus empregados, pago direitinho e não exijo demais deles. Não faz mais do que a sua obrigaçãoQuem trabalha quer receber. Mas quantos canalhas existem por aí que exigem nosso sangue não nos pagam e nem dão uma satisfação, muito embora não queiramos satisfação e sim nosso pagamento.  
               Existem, claro, algumas organizações, movimentos legítimos, que buscam a valorização do homem, que cultivam bons hábitos e o respeito mútuo. Mas são tão poucos em relação ao tamanho de nosso povo que quando surgem são matéria de jornal, como se fossem exceções. Não é para ser tratado como exceção e sim como regra. O ser humano dispõe de tudo para ser bom, basta querer que o mal não tome conta de seu coração. E quando falo aqui de mal, nãme refiro somente a crimes, a barbáries. Essas, infelizmente, são exaltadas desde jornalecos sensacionalistas até grandes emissoras, que nem valem mais a pena assistir, pois tratam a violência como se fosse algo absolutamente normal. Dizem que se não fizer assim, não ganham audiência. É o cúmulo do absurdo. As boas ações e bons exemplos não garantem audiência, não atraem pessoas interessadas em aprender o que é bom. É o cúmulo do absurdo, total retrocesso moral ao qual nos acostumamos e que é tão difícil sair dele. Mostra toda a nossa pequenez de espírito, nosso conformismo imoral, que não leva a lugar nenhum.  
        Quantas pessoas você conhece que tentaram fazer algo de bom e foram caladas? Quantas dessas pessoas foram mal compreendidas, violentadas e até mortas? Quantas dessas pessoas continuaram a lutar e quantas delas desistiram? É fácil saber, todo mundo conhece alguma dessas pessoas, seja muito conhecida ou alguém da cidade ou bairro onde vivemos. Como disse antes, a exceção virou regra. O errado virou o correto e o bem é mal, um total falta de bom senso, algo tão simples de ser implantado,, mas tão difícil de ser praticado.   
      Só vamos crescer enquanto povo civilizado quando começarmos a pensar em NÓS ao invés de EU. Somente quando tivermos consciência de que somos capazes de lutar pelo que queremos e sermos o que quisermos. Quando ensinarmos às nossas crianças a serem honestas, leais e humanas, quando as repreendemos por bater no coleguinha ou quando quiserem por fina força um brinquedo que não é dela ou que não pode ser comprado. Somente quando cultivarmos bons hábitos, bom caráter e exterminarmos a corrupção e a desonestidade dentro de nossos próprios lares. Quando estivermos pensando no coletivo, aí sim, podemos sentar e conversar a respeito de futuro. Por enquanto, ainda não dá. É uma grande pena, mas ainda não dá. Quem sabe em uma próxima geração.  

segunda-feira, 6 de março de 2017

O quanto valemos

Já dizia meu sogro que se um homem tem dez reais no bolsa, ele vale exatamente dez reais. Eu achava aquilo um exagero, mas após ter ficado viúva e ter lidado diretamente com todas as contas da casa e também com certas pessoas, passei a dar razão a ele. Incrível como você só tem valor para outra pessoa se tiver algo material a oferecer. Já fiquei muito triste com isso, mas hoje tirei lições de algumas situações que vivi.
Enquanto eu andava livremente para todo canto, enquanto podia ir para festas de aniversário, jantares, praias e tudo o mais que o social exige, meu aniversário, dia das mães, dia da mulher, natal, ano novo, dia do amigo e qualquer outra data comemorativa era lembrada. Mas a partir do momento em que não pude mais acompanhar essa rotina e tive que ficar mais tempo recolhida em casa, as pessoas sumiram... somente ficaram perto de mim ou querendo saber como eu estava me sentindo aquelas que realmente gostam de mim independente do quanto tenho no bolso. Mas tudo isso serviu para que eu aprendesse algumas coisas;
1. todo mundo tem afazeres e as pessoas não vão largar suas rotinas para ligar perguntando como você está e muito menos vão tirar um tempo para lhe fazer uma visita. Isso é a mais oura verdade, sair da rotina é complicado demais para a maioria dos seres humanos, por isso não espere por elas.  
2. existem pessoas que se destacam no meio de tanta correria por parar um pouco e mandar uma mensagem de ânimo, uma ligação ou até uma visita. 
3. se você fizer ou disser algo que vá de encontro ao que as pessoas pensam as chances de você ficar isolado são maiores, ainda que seus gestos sejam bons para você e lhe façam feliz, além de não machucar ninguém. 
4. não espere nada de ninguém, mas não se martirize por isso, não se faça de vítima; o que você ganhar é bônus. Se você se vitimizar, as chances de ficar falando sozinho aumentam.
5. agradeça pelo que você tem e pelas pessoas que estão com você. Muitas vezes elas abdicam de projetos e vontades próprias para lhe ver feliz e não é justo ficar sobrecarregando-as com manhas e vontades absurdas, então, faça tudo de modo justo e coerente. 
6. identifique, dentro do seu mundo, da sua rotina, da sua casa, aquilo que lhe faz bem e tente reproduzir sempre, especialmente naqueles momentos em que a tristeza bate (ela vai bater uma hora). Não se deixe abater demais por sentimentos tristes. Viva aquele momento, chore o que tem que chorar, mas não viva chorando. Cada momento tem sua importância, sejam eles alegres ou tristes. Saber viver cada um é que faz a diferença e lhe dá mais experiência. 
7. NÃO ESPERE NADA DE NINGUÉM. Assim, o que vier de bom será lucro e o que não for bom não lhe atingirá, simplesmente porque você não está esperando que ninguém faça nada. 
Não sou a pessoa mais sábia do mundo, não sou guru nem aconselhadora. Mas gosto de partilhar o que penso e o que sinto, pois vai ver alguém precisa ler ou ouvir exatamente aquilo que estou dizendo, né? Aí já ganho o dia. 

Você vai ler?

As pessoas hoje em dia morrem de preguiça de ler. E o mais grave é que, em tempos de internet, emoticons e whatsapp, a preguiça de escrever também tem aumentado. É muito mais prático escrever psé do que pois é, vc do que você, fds do que final de semana. Será que é melhor mesmo?
Se você procura uma pessoa que goste de ler, nestes tempos difícil para a leitura, a identificação de como ela escreve é o primeiro passo a ser dado. Aqueles que não se contentam com essa nova realidade de escrita e prezam pelo bom e velho português, que não precisa ser arcaico, apenas correto, jamais vão se deixar levar pelo encolhimento das palavras e acabam se destacando em meio a tantas abreviações. Não é esnobismo não, é costume mesmo, é hábito. Sou de uma geração de só tinha livros e museus para fazer pesquisas escolares e quando havia algum assunto mais raro a se estudar tinha que se virar atrás de quem tivesse um maior conhecimento ou pedir a Deus que tivesse algo na biblioteca. e assim, aquilo que foi pesquisado ficava grudado eternamente na nossa cabeça e até hoje tenho comigo certos assuntos aprendidos na época. Hoje os pobres professores tem que ser detetives, pois além de exercer sua profissão tem que sair pesquisando de qual possível site seu aluno tirou aquela redação ou pesquisa. 
Não me arrependo ou lamento ter sido dessa geração considerada antiquada. Sei entrar e sair de qualquer roda de conversa sem passar vergonha. Continuo lendo tudo o que me cai nas mãos, como sempre, e assim vou formando opiniões, tendo ideias e me atualizando do que acontece no mundo. É claro que sou usuária frequente da internet, mas faço dela uma ferramenta que me ajude e consigo perfeitamente passar dias sem acessá-la. Afinal, temos que dar valor ao que temos ao nosso redor, desde livros, plantas, casa até pessoas, que, se não prestarmos atenção, de repente vão embora, como nossos pais, avós e tios mais idosos. Valorize o real. Você vive nele. 

sábado, 28 de janeiro de 2017

Quem gosta de enganar e mentir exige honestidade

Eu passei e passo minha vida inteira tentando ser verdadeira comigo mesma e com as pessoas. Dentro dessas tentativas procuro não magoar ninguém. Também busco não me meter na vida de ninguém, justamente porque não quero que ninguém se meta na minha. Mas é incrível o número de pessoas que se intrometem na nossa intimidade sem ser chamadas e pior: adoram mentir, machucar e difamar ao entrar no nosso reduto. 
Existem pessoas que mentem descaradamente. Elas destilam o veneno da mentira com a cara mais lavada do mundo. A cara nem treme quando falam algo que não é verdade. E julgam! Ah, como julgam, porque certas são elas! Quem procura fazer a coisa certa (e erra também, diga-se de passagem!), é julgado por crimes que nem cometem! A calúnia bate na nossa cara a ponto de ficarmos nos indagando "O que diabo foi isso?" "Como pode alguém inventar uma história tão cabeluda dessas?" Acho que muita gente está tão acostumada a mentir que pensa que todo mundo é falso e mentiroso também. Mas acho legal é que essas mesmas pessoas que nos mentem, que nos julgam (?), são as primeiras pessoas a nos procurar caso a situação fique feia pro lado delas. É incrível como um ser humano pode acumular tanta peçonha dentro de si! Acho que chega a um ponto que ele tem que sair destilando por aí de qualquer jeito, atingindo seja lá quem for de qualquer forma e com isso as calúnias, as inverdades, as falsidades vão acontecendo e ficamos perplexos com o show de atrocidades que são capazes de fazer! Pessoas assim nunca serão felizes. Acham que estão por cima porque "dizem a verdade" (?) e falam o que vem à cabeça, na cara do outro. Meu povo, acorda! Enquanto não se trabalharem para uma boa convivência, para respeitar o próximo, terão a necessidade horrível de ficar cutucando o outro sem motivo, espezinhando a paz alheia. E enquanto você mentir deslavadamente, você nunca conseguirá realizar objetivo nenhum. Em suma: você nunca conseguirá ser feliz. Você não é dono da razão, ninguém tem a obrigação de lhe aturar e muito menos lhe ajudar caso você não se dê ao respeito e não respeite ninguém. Não minta. Também não seja presunçoso e achar que sabe tudo. Você não sabe de nada. Tudo o que se deve saber é que estamos todos num mesmo barco, numa mesma existência, com a finalidade de crescer, de evoluir enquanto seres humanos. Seja sincero ao menos com você mesmo, não minta nem pra você mesmo. Tente ajudar, mas escute mais do que fale. Não tenha medo de fazer o outro feliz, a sensação é muito melhor do que tentar pisar no seu irmão. É, irmão. Você não tem nada de diferente ou de melhor do que ninguém. E por isso é seu irmão. Para lhe aturarem, você tem que aturar. Para lhe ajudarem, você tem que ajudar. Cuidado com uma coisa chamada lei de ação e reação. Um dia você está aqui mentindo e amanhã você está pedindo ajuda pra quem você mentiu. Uma hora você está aqui sendo totalmente inconveniente com alguém que amanhã você quer que lhe dê a mão. Pense em tudo o que você já passou nessa sua vida e analise quantas vezes você já foi vítima da lei de ação e reação. Mas pense mesmo, de verdade, seja honesto pelo menos com você e ao menos uma vez na vida.  Só sendo honesto consigo mesmo você tem direito de cobrar honestidade dos outros. Só falando a verdade e praticando o bem você tem o direito de exigir que lhe falem a verdade e que sejam bons com você. Pense. Mas pense com honestidade. 

Sonha, Alice

Coitado de quem for tentar entender o universo feminino. Ou a cabeça de uma mulher. Ou mais especificamente, a minha cabeça. Penso tanta coisa ao mesmo tempo, que posso sentar querendo escrever sobre um assunto, digitar outro e fazer anotações obre outro mais diverso ainda. Às vezes fico pensando se é muito difícil par alguém me entender, e chego à conclusão que não, sou gente boa e capaz de de adaptar a tudo e a todos. Mas, no fundo mesmo, não é bem assim. Posso dizer que estou carente mesmo com o marido e filhos o tempo todo ao meu lado, simplesmente porque eu falei algo que não recebeu a atenção, ou porque não recebi o beijinho de despedida deles. Posso ter uma força imensa pra enfrentar uma crise de dor daquelas de moer, e posso morrer de chorar por causa de uma palavra dita de modo mais desatencioso. Gostaria muito que me entendessem, mas não consigo entender nem a cabeça dos homens, que tem fama de ser mais resolutiva, direta, que dirá a minha própria. Posso ser fiel, leal, amiga, companheira e por mínimos detalhes armar a maior vingança de todos os tempos a quem pra cima de quem me machucar. Eu dizia que era paciente, quando mais jovem, mas acho que essa virtude não me pertence mais... Sei que faço parte dos que prezam a política da boa vizinhança e faço tudo para manter a paz, mas talvez por passar por cima de tanta coisa em pro da calma, que viro um bicho indomável quando o copo entorna e aquela gotinha é mais do que suficiente pra derramar água do copo cheio. Eu tenho certeza que não sou a pior nem a melhor pessoa do mundo, mas há momentos em que acho que ninguém me supera em termos de maldade e bondade. Sim, às vezes sou muito convencida, a modéstia mandou lembranças. Mas tudo isso porque não sou formada de só de emoções ou só de razão. Sou um caldeirão de tanta coisa, que só provando pra saber se gosta, que nem quando colocamos várias frutas diferentes no liquidificador: o sabor pode ser ótimo (ou não), independente da fruta que ali se colocou. Você pode misturar cítricos, doces, azedos e no fim a mistura dar certo (ou não). Mas experimente: posso ser uma vitamina de sabor agradável e ainda trazer inúmeros benefícios. Somente quando a vida coloca frutas azedas demais o sabor pode sair um pouco alterado, mas há quem goste. Portanto, não me machuque. Respeite minha condição de ser muitas ao mesmo tempo e ser só uma. Respeite quando eu digo que amo, porque seu eu digo, é porque amo de verdade e parece que eu mesma preciso afirmar isso o tempo todo, pois amar só uma pessoa não combina muito com meu multi-eu. Já fui muito machucada, mas não quero fazer disso uma bandeira pra se ter pena de mim. Vivo com uma condição física extremamente dolorosa, mas também não quero que esse seja um motivo para condolências. Acima de tudo, sou um ser pensante, cheio de sentimentos, ideias, pensamentos. Sou a favor da troca de sentimentos pura e simples, do toque diário mesmo que não descambe para a relação sexual em si e da troca de olhar e palavras que dizem tudo. E isso não me faz uma pessoa melosa, nem metódica demais. Tudo deve ter seu equilíbrio. Não é difícil, mas sonha, Alice, que você pode me entender. Talvez o primeiro passo passo é me amar; daí por diante, quem sabe eu mostre aos poucos o que se passa dentro da minha cabeça, como diria Fábio Jr. Garanto que você vai gostar.