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domingo, 17 de junho de 2018

Cinismo

O mundo é cínico. As pessoas são cínicas. Não sei pra que gestos e palavras bonitas se no fundo, bem fundo, cada um quer apenas tirar o seu da reta e o outro que se exploda. Cansada de gente com interesse próprio cada vez maior. Vontade de mandar um bocado de gente pro inferno!

domingo, 8 de abril de 2018

Preguiça

Não, eu não sou preguiçosa, juro. 
Eu mesma já me chamei de preguiçosa, de acomodada e tal. Mas é porque eu não admito que sou portadora de necessidades especiais. Há muito tempo que venho lutando contra essa doença. Minha médica, na época, disse que eu precisava ir ao psicólogo por causa do diagnóstico.  Pura perda de tempo, porque por mais que as pessoas tentem incutir no meu juízo que eu tenho uma doença degenerativa e que eu devo ficar triste e chorosa por isso eu não admito que seja necessário. Acho, sem demagogia nenhuma, que tenho que cuidar, enfrentar, correr atrás e ver o que acontece. O que descobri depois desse tempo todo é que essa corrida cansa. Talvez por isso hoje eu não viva mais em médicos, aliás, vou o mínimo possível. Vivo com dor? Sim. Todos os dias. Em alguns momentos do dia ela aumenta, em outros diminui a ponto de eu considerar zero dor mesmo ela estando ali. Por isso me meti na montagem de uma confeitaria, aprendi a fazer cupcake, bolo e pasta americana, montei a loja, aluguei ponto e vivi com a renda auxiliar dessa loja por mais de três anos. Também fiz artesanato, que já gostava de fazer, vendi cosméticos e sei lá mais o que. E hoje tenho uma lojinha virtual de maquiagem que é a minha paixão (a loja e as maquiagens). Posto vídeos, produtos, faço propaganda, vendo, conheço pessoas boas ou não, simpáticas ou não. Trabalhei e ainda estou pelejando para trabalhar elaborando provas para algumas empresas, na minha área. Essa última atividade realmente eu não consigo mais exercer do jeito que gostaria. Mas sou apaixonada pela lojinha. Gosto de movimento. Minha sobrinha disse que sou mais animada do que moça velha pedida em casamento. Sou assim, gosto de abraçar, beijar, falar. Também sei calar, principalmente se não estou me sentindo bem ou se a dor ataca com maior intensidade. 
Isso é uma vantagem, uma virtude? Não sei. Tenho as minhas convicções sobre este sofrimento, meus princípios que procuro seguir, muito embora não seja perfeita, ninguém é. Apenas procuro não ficar reclamando por nada e no meu caso considero a dor algo que não merece tamanha atenção. Tanto que vivo tomando remédios para acabar com ela. À medida em que choro, lamento e reclamo, estou dando valor à ela, estou empoderando-a para que ela tome de conta da situação e se instale sem querer ir embora. Tenho mais é que criar mecanismos de me distrair dela, esquecê-la. E esses mecanismos geralmente me são extremamente prazerosos, não aquele tipo que se fala por aí de aumentar outra dor para esquecer a que se está sentindo. Junto com o prazer vem endorfina, alegria e tudo mais o que é bom.
Queria muito ser mais produtiva, mas meu esposo diz que se eu fosse mais produtiva era porque seria (fisicamente) saudável e não estaria aposentada. Então, esse ano comecei finalmente a me aceitar enquanto limitada, mas não como inútil. Sei que não posso fazer tudo o que quero, mas posso fazer alguma coisa ainda. Devagar e sempre. Melhor tarde do que nunca. E todos os outros ditados populares relativos ao tema. Quero andar, sair, passear, vender minhas maquiagens, tudo, quando quiser e não quando estiver "bem" ou sem dor. Se for esperar por isso posso não sair nunca mais e não, isso não combina com meu gênio, com meu espírito. Tenho um espírito livre, inquieto, corredor. Sonho que estou correndo, pulando e fazendo tudo o que não posso mais. Mas posso correr e pular de outra forma, posso me satisfazer por outros meios. Não posso ir para a academia malhar pesado, mas posso fazer exercícios de alongamento em casa ou caminhar de vez em quando com meu esposo ou com meus filhos. Posso andar pelo centro vendo as vitrines, camelôs e comprando minhas maquiagens para revender. Posso escrever no meu blog de vez em quando. Viajar pelo mundo sem sair de casa pela internet, ler livros espetaculares que levem minha mente para outros lugares nunca visitados fisicamente. E desse jeito, esquecer a dor.  Por isso digo que não, não sou preguiçosa não. Eu sou e quero ser cada vez mais inquieta, alegre, leve e suave. Como o vento que adoro. O vento que batia no meu rosto quando andava de moto de noite na minha cidade de coração que é Mossoró. Vento, meu amor, livre, leve e solta como você, meu querido. 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Climatério

Estou a retomar meu blog, meus escritos.
Foi muito tempo ausente e nesse momento, lembrei que é preciso organizar as ideias para colocar em prática nosso roteiro de vida. Meu punho está dolorido e escrever à caneta dói mais, então, lembrei dessa minha ferramenta, há tempos guardadinha e que me serve tanto.
Estou passando por um momento diferente. Aquele momento parecido com a passagem da infância para a adolescência e desta para a fase adulta. Não sou idosa, mas alguns cuidados e atitudes deverão me acompanhar a partir de agora. Não sou paciente geriatra, mas em todas as óticas que entro para fazer um orçamento de óculos, perguntam-me se já uso lentes progressivas. Justo eu, que tenho fama de ter "cara de novinha", de "não aparentar a idade que tenho". Será que meus quarenta nos já estão tão aparentes assim? Será que tenho que me despedir à fina força da juventude? Será que devo deixar de lado meu espírito jovem, que crê que a juventude pode ser eterna e devo me comportar como uma boa velhinha? E quando eu chegar aos 50? Será que vou me sentir mais velha e acabada ainda? 
Penso que estou entrando no climatério. Já avise ao meu companheiro que tenha paciência, que nem sempre a raiva que sinto é dele e que nem sempre tem motivo, assim como o choro descontrolado. Ele, mais uma vez e apesar de não ser um ser perfeito, está sendo mais do que perfeito ao me compreender e deixar pra lá muita coisa que talvez se eu não tivesse conversado, ele não deixaria. A chave para este meu momento é justamente essa: conversa. Preciso de conversa, de colo, de compreensão e graças aos céus, estou tendo. Mesmo assim, ainda tenho explosões homéricas, que se eu não colocar para fora, acho que morro. Mas creio que passará, não é possível. Vejo senhoras bem mais velhas que eu afirmarem categoricamente que vivem bem, obrigada e que se sentem jovens como nunca. Deus queira que isso seja verdade e não mais um jargão feminino. Não é fácil. É horrível em alguns momentos querer matar e esfolar um e em outros chorar que nem uma criança desmamada. Mas tomara que esse desequilíbrio hormonal todo tenha uma justificativa e um desfecho feliz, pra que eu possa agradecer por ter passado e chegado mais adiante. Sinto saudade, às vezes, daquela eu paciente, que resolvia tudo de bom humor... Mas parece que pisaram tanto e desacreditaram tanto, machucaram tanto, que me tornei uma brutamontes. Ainda bem que existem pessoas que gostam de mim, que me amam e por isso me toleram e me ajudam. Pode ser que eu tenha passado a vida toda a cativar essas pessoas e agora preciso delas mais do que nunca. Prometo que vou ao médico pra saber se existe alguma saída biológica e alopata para isso. Mas, por enquanto, a minha alma está confusa, encharcada de hormônios que a bagunçam e a desequilibram. Não que eu esteja sofrendo de surtos de irresponsabilidade e loucura desmedida, mas estou longe do equilíbrio e domínio de mim mesma e da situação que costumo e gosto de ter. Tomara, Deus, que os anjos que o Senhor colocou pra cuidar de mim tenham paciência até o final. Eu lhes digo, não sou uma má pessoa. Sou uma pessoa precisando de ajuda, em apuros emocionais, mas que acredita que um dia tudo passará e se resolverá da melhor maneira. E dessa fase eu só quero levar a experiência de conhecer quem realmente gosta de mim e do aprendizado sobre as diversas situações da vida que uma mulher, viúva aos 34 anos, com dois filhos pequenos para criar, sem saber nem a senha do próprio cartão do salário, pode ter.
E por me encontrar onde me encontro é que tenho que desabafar e continuar acreditando na minha tríade da gratidão: porque tenho ajuda e cuidado,, porque tenho condições de acesso médico e o meu semelhante que está pior do que eu consegue sorrir e por que eu não? Prometo que venho aqui a partir de hoje contar como está sendo essa experiência, se ela pode me trazer algum benefício e quais os problemas que preciso enfrentar. Vai ser bom para mim desabafar. Só espero que eu me sinta melhor, para que as pessoas que convivem comigo se sintam bem e não me achem um fardo para elas. Principalmente meus filhos e meu companheiro, que são por quem acordo todos os dias e batalho para me manter de pé e com forças para tudo. 
EU AMO VOCÊS!