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domingo, 27 de dezembro de 2020

A palavra do ano

 Assisti hoje no Fantástico pessoas influentes falando qual seria a palavra do ano. Eu sei que houveram muitas, por conta dessa pandemia que mudou o planeta e o parou ainda que por pouco tempo.  

Nenhuma delas foi a minha palavra. 

A minha palavra é DECEPÇÃO. 

Eu sei que não sou perfeita.  Mas eu tinha um sonho, tinha uma esperança, acreditava em algo que julgava perfeitamente plausível até porque sempre lutei por isso e continuava lutando.  

Mas as pessoas, mesmo as que amamos, não se importam com isso. Não se importam em nos machucar, fazer o que bem entenderem sem se preocupar se vai machucar ou não. Então, tudo em que eu acreditava ruiu.  Ruiu da pior forma possível. E não tem mais como reconstruir. 

Não é que eu vá viver com ódio. Não é que eu vá viver fazendo escândalo.  Mas, de repente, a decepção foi tão grande que o que viesse de ruim não me importaria mais.  Parece que eu criei uma casca tão grossa que nada vai me deixar do jeito que eu fiquei.  Simplesmente porque os outros não merecem nosso sofrimento. Não merecem que a gente se sinta magoado, triste por algo que eles mesmos fizeram. Então, eu deixo pra lá. 

Gente deve estar rindo. Gente deve estar se estrebuchando de felicidade.  Mas também não me importo. 


Só sei de uma coisa: existe a lei do retorno. Ah, eu sei disso.  Não é imaginação, religião, psicologia. É matemático, é físico.  Tudo que vai, volta. Se eu recebo ainda benesses, pode ter certeza que é fruto do tempo da minha ingenuidade, que eu fazia o bem a todos e de todo jeito.  Do quanto escutei, do quanto fiz, ajudei, esperei, paguei. Não, não fiz nada esperando recompensa. Olhe bem: no tempo da minha ingenuidade. Foi de coração.  Só que hoje eu vejo que não vale a pena.  Não vale a pena ser bom, ser caridoso. A gente só leva rolada. Então, vou deixar o vento e o tempo me levarem e verei aonde vou parar. Inssossamente e passivamente.  Como eu deveria ter sido sempre.  Sem paixões, arrebatamentos ou vontades. Sem nada.  Só seguindo. As únicas coisas que me tocam são meus dois corações que batem fora de mim.  O resto não me toca mais.  



quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Obrigada, meu pai

 Hoje eu sonhei com meu pai.

Com meu pai me ajudando, como sempre fazia e tenho certeza com ainda faz.

Eu estava doente, com dor e ele chegava pra me dar condições de comprar o que estava precisando.

Eu sei que já tenho tanta coisa, meu pai, mas precisava de uma forcinha. Acho que o senhor sabe para que. Minhas dores estão insuportáveis e o que quero iria me ajudar demais. 

Mas antes de qualquer coisa, agradeço pelo que o senhor sempre fez. Agradeço por ter aceitado a missão de ser meu pai, por ter vivido todas as angústias que viveu, todo aquele quadro degenerativo e todo e qualquer sofrimento.

Peço perdão por todo e qualquer sufoco que tenha lhe feito passar. Mas agradeço demais por tudo. Pela vida (eu não estaria ainda aqui se não fosse por você e minha mãe), pelos estudos, tão valorizados pelo senhor, pelo inglês, pelo carrinho. Tenho comigo valores que passo para os filhos que aprendi com o senhor. Guardo comigo as lembranças de tudo o que o senhor fazia, as brincadeiras, as "marmotas", os gestos que tenho igual, mesmo depois de tanto tempo. 

Obrigada. 

Não tenho muito o que dizer, mas tenho muito o que sentir: gratidão. 

Palavra essa que está tão em moda, mas que não é sentida como deve. Mas eu quero que o senhor sinta a minha gratidão de onde estiver. E sei que não está longe. De alguma forma ainda me protege e aos meus. Obrigada. 

Muito obrigada por tudo. 

Fica com Deus. Eu sei que o senhor está.