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domingo, 27 de dezembro de 2020

A palavra do ano

 Assisti hoje no Fantástico pessoas influentes falando qual seria a palavra do ano. Eu sei que houveram muitas, por conta dessa pandemia que mudou o planeta e o parou ainda que por pouco tempo.  

Nenhuma delas foi a minha palavra. 

A minha palavra é DECEPÇÃO. 

Eu sei que não sou perfeita.  Mas eu tinha um sonho, tinha uma esperança, acreditava em algo que julgava perfeitamente plausível até porque sempre lutei por isso e continuava lutando.  

Mas as pessoas, mesmo as que amamos, não se importam com isso. Não se importam em nos machucar, fazer o que bem entenderem sem se preocupar se vai machucar ou não. Então, tudo em que eu acreditava ruiu.  Ruiu da pior forma possível. E não tem mais como reconstruir. 

Não é que eu vá viver com ódio. Não é que eu vá viver fazendo escândalo.  Mas, de repente, a decepção foi tão grande que o que viesse de ruim não me importaria mais.  Parece que eu criei uma casca tão grossa que nada vai me deixar do jeito que eu fiquei.  Simplesmente porque os outros não merecem nosso sofrimento. Não merecem que a gente se sinta magoado, triste por algo que eles mesmos fizeram. Então, eu deixo pra lá. 

Gente deve estar rindo. Gente deve estar se estrebuchando de felicidade.  Mas também não me importo. 


Só sei de uma coisa: existe a lei do retorno. Ah, eu sei disso.  Não é imaginação, religião, psicologia. É matemático, é físico.  Tudo que vai, volta. Se eu recebo ainda benesses, pode ter certeza que é fruto do tempo da minha ingenuidade, que eu fazia o bem a todos e de todo jeito.  Do quanto escutei, do quanto fiz, ajudei, esperei, paguei. Não, não fiz nada esperando recompensa. Olhe bem: no tempo da minha ingenuidade. Foi de coração.  Só que hoje eu vejo que não vale a pena.  Não vale a pena ser bom, ser caridoso. A gente só leva rolada. Então, vou deixar o vento e o tempo me levarem e verei aonde vou parar. Inssossamente e passivamente.  Como eu deveria ter sido sempre.  Sem paixões, arrebatamentos ou vontades. Sem nada.  Só seguindo. As únicas coisas que me tocam são meus dois corações que batem fora de mim.  O resto não me toca mais.  



quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Obrigada, meu pai

 Hoje eu sonhei com meu pai.

Com meu pai me ajudando, como sempre fazia e tenho certeza com ainda faz.

Eu estava doente, com dor e ele chegava pra me dar condições de comprar o que estava precisando.

Eu sei que já tenho tanta coisa, meu pai, mas precisava de uma forcinha. Acho que o senhor sabe para que. Minhas dores estão insuportáveis e o que quero iria me ajudar demais. 

Mas antes de qualquer coisa, agradeço pelo que o senhor sempre fez. Agradeço por ter aceitado a missão de ser meu pai, por ter vivido todas as angústias que viveu, todo aquele quadro degenerativo e todo e qualquer sofrimento.

Peço perdão por todo e qualquer sufoco que tenha lhe feito passar. Mas agradeço demais por tudo. Pela vida (eu não estaria ainda aqui se não fosse por você e minha mãe), pelos estudos, tão valorizados pelo senhor, pelo inglês, pelo carrinho. Tenho comigo valores que passo para os filhos que aprendi com o senhor. Guardo comigo as lembranças de tudo o que o senhor fazia, as brincadeiras, as "marmotas", os gestos que tenho igual, mesmo depois de tanto tempo. 

Obrigada. 

Não tenho muito o que dizer, mas tenho muito o que sentir: gratidão. 

Palavra essa que está tão em moda, mas que não é sentida como deve. Mas eu quero que o senhor sinta a minha gratidão de onde estiver. E sei que não está longe. De alguma forma ainda me protege e aos meus. Obrigada. 

Muito obrigada por tudo. 

Fica com Deus. Eu sei que o senhor está. 

domingo, 17 de junho de 2018

Cinismo

O mundo é cínico. As pessoas são cínicas. Não sei pra que gestos e palavras bonitas se no fundo, bem fundo, cada um quer apenas tirar o seu da reta e o outro que se exploda. Cansada de gente com interesse próprio cada vez maior. Vontade de mandar um bocado de gente pro inferno!

domingo, 8 de abril de 2018

Preguiça

Não, eu não sou preguiçosa, juro. 
Eu mesma já me chamei de preguiçosa, de acomodada e tal. Mas é porque eu não admito que sou portadora de necessidades especiais. Há muito tempo que venho lutando contra essa doença. Minha médica, na época, disse que eu precisava ir ao psicólogo por causa do diagnóstico.  Pura perda de tempo, porque por mais que as pessoas tentem incutir no meu juízo que eu tenho uma doença degenerativa e que eu devo ficar triste e chorosa por isso eu não admito que seja necessário. Acho, sem demagogia nenhuma, que tenho que cuidar, enfrentar, correr atrás e ver o que acontece. O que descobri depois desse tempo todo é que essa corrida cansa. Talvez por isso hoje eu não viva mais em médicos, aliás, vou o mínimo possível. Vivo com dor? Sim. Todos os dias. Em alguns momentos do dia ela aumenta, em outros diminui a ponto de eu considerar zero dor mesmo ela estando ali. Por isso me meti na montagem de uma confeitaria, aprendi a fazer cupcake, bolo e pasta americana, montei a loja, aluguei ponto e vivi com a renda auxiliar dessa loja por mais de três anos. Também fiz artesanato, que já gostava de fazer, vendi cosméticos e sei lá mais o que. E hoje tenho uma lojinha virtual de maquiagem que é a minha paixão (a loja e as maquiagens). Posto vídeos, produtos, faço propaganda, vendo, conheço pessoas boas ou não, simpáticas ou não. Trabalhei e ainda estou pelejando para trabalhar elaborando provas para algumas empresas, na minha área. Essa última atividade realmente eu não consigo mais exercer do jeito que gostaria. Mas sou apaixonada pela lojinha. Gosto de movimento. Minha sobrinha disse que sou mais animada do que moça velha pedida em casamento. Sou assim, gosto de abraçar, beijar, falar. Também sei calar, principalmente se não estou me sentindo bem ou se a dor ataca com maior intensidade. 
Isso é uma vantagem, uma virtude? Não sei. Tenho as minhas convicções sobre este sofrimento, meus princípios que procuro seguir, muito embora não seja perfeita, ninguém é. Apenas procuro não ficar reclamando por nada e no meu caso considero a dor algo que não merece tamanha atenção. Tanto que vivo tomando remédios para acabar com ela. À medida em que choro, lamento e reclamo, estou dando valor à ela, estou empoderando-a para que ela tome de conta da situação e se instale sem querer ir embora. Tenho mais é que criar mecanismos de me distrair dela, esquecê-la. E esses mecanismos geralmente me são extremamente prazerosos, não aquele tipo que se fala por aí de aumentar outra dor para esquecer a que se está sentindo. Junto com o prazer vem endorfina, alegria e tudo mais o que é bom.
Queria muito ser mais produtiva, mas meu esposo diz que se eu fosse mais produtiva era porque seria (fisicamente) saudável e não estaria aposentada. Então, esse ano comecei finalmente a me aceitar enquanto limitada, mas não como inútil. Sei que não posso fazer tudo o que quero, mas posso fazer alguma coisa ainda. Devagar e sempre. Melhor tarde do que nunca. E todos os outros ditados populares relativos ao tema. Quero andar, sair, passear, vender minhas maquiagens, tudo, quando quiser e não quando estiver "bem" ou sem dor. Se for esperar por isso posso não sair nunca mais e não, isso não combina com meu gênio, com meu espírito. Tenho um espírito livre, inquieto, corredor. Sonho que estou correndo, pulando e fazendo tudo o que não posso mais. Mas posso correr e pular de outra forma, posso me satisfazer por outros meios. Não posso ir para a academia malhar pesado, mas posso fazer exercícios de alongamento em casa ou caminhar de vez em quando com meu esposo ou com meus filhos. Posso andar pelo centro vendo as vitrines, camelôs e comprando minhas maquiagens para revender. Posso escrever no meu blog de vez em quando. Viajar pelo mundo sem sair de casa pela internet, ler livros espetaculares que levem minha mente para outros lugares nunca visitados fisicamente. E desse jeito, esquecer a dor.  Por isso digo que não, não sou preguiçosa não. Eu sou e quero ser cada vez mais inquieta, alegre, leve e suave. Como o vento que adoro. O vento que batia no meu rosto quando andava de moto de noite na minha cidade de coração que é Mossoró. Vento, meu amor, livre, leve e solta como você, meu querido. 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Climatério

Estou a retomar meu blog, meus escritos.
Foi muito tempo ausente e nesse momento, lembrei que é preciso organizar as ideias para colocar em prática nosso roteiro de vida. Meu punho está dolorido e escrever à caneta dói mais, então, lembrei dessa minha ferramenta, há tempos guardadinha e que me serve tanto.
Estou passando por um momento diferente. Aquele momento parecido com a passagem da infância para a adolescência e desta para a fase adulta. Não sou idosa, mas alguns cuidados e atitudes deverão me acompanhar a partir de agora. Não sou paciente geriatra, mas em todas as óticas que entro para fazer um orçamento de óculos, perguntam-me se já uso lentes progressivas. Justo eu, que tenho fama de ter "cara de novinha", de "não aparentar a idade que tenho". Será que meus quarenta nos já estão tão aparentes assim? Será que tenho que me despedir à fina força da juventude? Será que devo deixar de lado meu espírito jovem, que crê que a juventude pode ser eterna e devo me comportar como uma boa velhinha? E quando eu chegar aos 50? Será que vou me sentir mais velha e acabada ainda? 
Penso que estou entrando no climatério. Já avise ao meu companheiro que tenha paciência, que nem sempre a raiva que sinto é dele e que nem sempre tem motivo, assim como o choro descontrolado. Ele, mais uma vez e apesar de não ser um ser perfeito, está sendo mais do que perfeito ao me compreender e deixar pra lá muita coisa que talvez se eu não tivesse conversado, ele não deixaria. A chave para este meu momento é justamente essa: conversa. Preciso de conversa, de colo, de compreensão e graças aos céus, estou tendo. Mesmo assim, ainda tenho explosões homéricas, que se eu não colocar para fora, acho que morro. Mas creio que passará, não é possível. Vejo senhoras bem mais velhas que eu afirmarem categoricamente que vivem bem, obrigada e que se sentem jovens como nunca. Deus queira que isso seja verdade e não mais um jargão feminino. Não é fácil. É horrível em alguns momentos querer matar e esfolar um e em outros chorar que nem uma criança desmamada. Mas tomara que esse desequilíbrio hormonal todo tenha uma justificativa e um desfecho feliz, pra que eu possa agradecer por ter passado e chegado mais adiante. Sinto saudade, às vezes, daquela eu paciente, que resolvia tudo de bom humor... Mas parece que pisaram tanto e desacreditaram tanto, machucaram tanto, que me tornei uma brutamontes. Ainda bem que existem pessoas que gostam de mim, que me amam e por isso me toleram e me ajudam. Pode ser que eu tenha passado a vida toda a cativar essas pessoas e agora preciso delas mais do que nunca. Prometo que vou ao médico pra saber se existe alguma saída biológica e alopata para isso. Mas, por enquanto, a minha alma está confusa, encharcada de hormônios que a bagunçam e a desequilibram. Não que eu esteja sofrendo de surtos de irresponsabilidade e loucura desmedida, mas estou longe do equilíbrio e domínio de mim mesma e da situação que costumo e gosto de ter. Tomara, Deus, que os anjos que o Senhor colocou pra cuidar de mim tenham paciência até o final. Eu lhes digo, não sou uma má pessoa. Sou uma pessoa precisando de ajuda, em apuros emocionais, mas que acredita que um dia tudo passará e se resolverá da melhor maneira. E dessa fase eu só quero levar a experiência de conhecer quem realmente gosta de mim e do aprendizado sobre as diversas situações da vida que uma mulher, viúva aos 34 anos, com dois filhos pequenos para criar, sem saber nem a senha do próprio cartão do salário, pode ter.
E por me encontrar onde me encontro é que tenho que desabafar e continuar acreditando na minha tríade da gratidão: porque tenho ajuda e cuidado,, porque tenho condições de acesso médico e o meu semelhante que está pior do que eu consegue sorrir e por que eu não? Prometo que venho aqui a partir de hoje contar como está sendo essa experiência, se ela pode me trazer algum benefício e quais os problemas que preciso enfrentar. Vai ser bom para mim desabafar. Só espero que eu me sinta melhor, para que as pessoas que convivem comigo se sintam bem e não me achem um fardo para elas. Principalmente meus filhos e meu companheiro, que são por quem acordo todos os dias e batalho para me manter de pé e com forças para tudo. 
EU AMO VOCÊS!

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Depois da morte

                 Acredite, somos mais do que pensamos. Quando a nossa carne apodrece, não nos perdemos num universo de vermes e pó. Alguma coisa sobra de nós e em algum local esse resto de nós permanece até que nos seja dado um destino adequado.
                Não se trará de religião, de crença, de fanatismo, ou seja lá do que se possa chamar. É uma questão de lógica. Enquanto vivos de carne, somo muito mais do que pensamos e podemos fazer coisas que a cada dia superam o que pensávamos que podíamos fazer. Se hoje podemos subir um morro amanhã podemos galgar com facilidade uma montanha. E a nossa mente trabalha diariamente em busca de novos desafios, desafios estes que são vencidos enquanto outros surgem, uns mais desafiadores do que os outros, mas temos a certeza de que uma hora ou outra vamos vencer. Então não faz sentido toda essa energia, toda essa força simplesmente dissipar-se no tempo e no espaço quando a carne morre. Existem teorias variadas a respeito do que acontece após a morte, mas a verdade é que talvez ninguém tenha razão. Ou talvez ganhe o páreo quem mais usar de razão e ciência para explicar o que ocorre. Mas é certo: não nos apagamos para o nada e tudo o que vivemos e fizemos não se perde. Nada foi em vão.
                Então, como crente de uma teoria nesses moldes, penso que não devemos perder tempo nem desperdiçar energias com coisas fúteis ou de cunho prejudicial tanto para mim mesma quanto para o outro. Independente de qualquer coisa, religião ou crença, já está mais do que comprovado de que quanto melhor vivemos, mais felizes somos e viver bem não quer dizer que devemos ter a maior riqueza material possível. Quanto mais nos concentramos no bom caminho, melhor nos saímos. Quanto mais concentramos nossos pensamentos em coisas boas e em obras benéficas a todos, melhor nos sentimos e a partir de então evoluímos enquanto ser pensante, ser complexo.
                Não condene quem pensa diferente. Antes condene quem pensa no mal. Não é uma questão de crença, volto a insistir e sim uma questão de ser humano. Toda essa nossa energia, que nos move a realizar grades feitos, que nos faz deparar com situações incríveis, deve ser utilizada em prol do bem. Todo mundo conhece uma história fantástica de alguém que sobreviveu sob condições absurdas, que passou por calamidades, doenças e outras coisas e continua aí, de pé, distribuindo simpatia. Então, com base em muita coisa que já vimos, afirmo: não nos perdemos depois da morte. Não interessa pra onde vamos, como vamos, se teremos essa mesma consciência de quando estamos com a carne viva, mas algo de nós é deixado para os que ficaram. E justamente por isso devemos ter cuidado com o que fazemos enquanto vivos.
                Não queremos deixar incômodo. Tenho certeza que por mais desafetos que as pessoas tenham, todos gostariam de ser lembrados como algo bom, uma pessoa que valeu a pena conhecer. Então, cuidemos de nossas energias, cultivemos bons fluidos para que, quando deixemos esse plano, o que fique de nós seja amor. Que sirvamos de inspiração para os que ficaram. Nossa energia vai permanecer, nossa mente não morrerá e o correto seria que ela servisse de orientação e boas referências. Somos capazes de muitas coisas, então concentremo-nos em coisas boas. Não somos perfeitos, claro, e sempre teremos momentos de falha. Mas garanto que o que importará será o conjunto da obra, a energia como um todo e instantes defeituosos não serão nem vistos, serão absorvidos pela essência de bondade.

                Por favor, não diga que a sua religião é a correta e que o resto do mundo não vai se salvar. Fazendo isso você está dando sinais de uma energia retrógrada e ignorante, o que não interessa para ninguém. Seja bom exemplo, concentre suas forças no que realmente interessa: o amor. 

O roteiro de Belchior

             Hoje foi o dia do grande Belchior.
            Para ser mais exata e a título de registro, foi em 29 de abril de 1017, na cidade de Santa cruz do Sul, no meu querido Rio Grande do Sul.
        Começo, novamente, a me questionar a respeito de certos acontecimentos, relacionamentos e futuro. Recuso-me a acreditar que ficamos perdidos no espaço e tempo após a nossa ida. Não aceito que toda essa nossa energia simplesmente se dissipe e se perca e a coisa siga como se não tivesse existido nada além de nada onde antes havia uma mente brilhante, uma vida cheia de histórias, exemplos, gestos, falas e lições, além de muito sentimento. Não é possível que tamanho dispêndio energético simplesmente desapareça. Não falo que religião A ou B estão corretas ou que certa doutrina ou aquela detém a razão. A coisa é bem maior do que isso, muito maior do que nossa mente pequena e pouco utilizado cérebro possam compreender.  E não tem jeito, enquanto formos infantes não teremos a certeza exata do que acontece após a grande viagem, até porque a forma de viajar é peculiar de cada um. Não existe uma generalização.
            Independente do modo de partida, como já diz o ditado, o que faz a diferença é o modo como se viaja. Digo melhor, o modo de como nos preparamos para a viagem. Será que quero viajar logo? Será que alguém me ajudou a arrumar as malas ou ajudei a fazer as malas de alguém? Será planejei criteriosamente o meu roteiro ou simplesmente estou “deixando a vida me levar” e depois vejo no que dá?
            Existe muita preocupação com o transporte e o caminho. Mas não vejo preocupação igual com esses detalhes, tão importantes para que tenhamos uma partida feliz, tranquila, sem arroubos ou grandes tristezas, apenas deixando para trás o que é mais do que normal: aquela saudade gostosa, que consola nosso coração com a felicidade de termos feito parte da preparação do roteiro de alguém. Chorar faz parte, fazer escândalo, não.
            Infelizmente nossa pequenez nos leva a querer fazer tudo do jeito que der, não importando a preparação. Com isso, não importa como amos, que horas vamos e quantos só viajam porque outro simplesmente assim o quer, por motivos impossivelmente mais fúteis e grotescos.
            Mas não estou a falar disso hoje. Estou a agradecer aos céus por ter nos enviado tão grande alma, tão espetacular mente, que nos inspirou e nos inspirará ainda por muito tempo. Se alguém soube ajudar as malas e organizar o roteiro de viajem, esse alguém foi Belchior.
            Obrigada por tudo. Quem sabe um dia nos encontramos e eu poderei agradecer-lhe pessoalmente.

            R.I.P., Belchior. 

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Questionamentos sobre a tristeza

                Eu sei que a tristeza pode ser um meio de aprendizagem. Mas sei também que não sou perfeita, sou humana e propensa a todas as caídas e recaídas que um ser humano normal pode sofrer. Mas acho que justamente por isso, o cansaço está vencendo meu ânimo e por vezes  fico sem saber o que fazer ou pensar, como agir diante de determinadas situações. Se formos atrás de textos de auto ajuda, de sites que falem de tristeza e de como sair dela, vamos encontrar uma gama muito grande de religiosos, cada qual puxando brasa para a sardinha da sua igreja. Outros mostrarão frases de lugar comum, como dizer que o nosso problema não é o maior do mundo e que tem sempre alguém sofrendo mais. Mas é lógico que sabemos de tudo isso e é mais lógico ainda que pelo menos eu, dentro da minha ignorância espiritual, procuro levar todos esses conceitos comigo. Não precisa ser muito inteligente e sim ser um pouco humano para saber dessas coisas e saber também que, embora nosso problema não seja o maior do mundo, é o nosso problema, é o que está doendo, machucando, angustiando... Não posso comparar minhas preocupações com a de uma pessoa que não tem o que comer, que não tem família e encontra-se em um estado miserável de vida. É mais do que lógico isso. Mas dói, angustia, gera ansiedade e como machuca!
                Machuca mais ainda quando os nossos problemas não podem ser resolvidos por nós mesmos, dependem de outros para isso. Aí a ansiedade, a tristeza triplica. E nesses casos e realmente não conheço nenhuma frase de efeito geral para me conformar. Pelo menos comigo, eu começo a rever todos os passos que dei e começo a me perguntar se eu não poderia ter feito melhor. Sou mãe, sou esposa, sou profissional, dona de casa e posso garantir que não faço nada sem pensar em como minha família vai ficar. Não posso fazer o que quero, na hora que quero nem do jeito que quero, pois existem pessoinhas que dependem de mim. E justamente por isso fico me cobrando, tendo certeza de que poderia ter tomado decisões melhores na vida, especialmente depois que fiquei viúva. Mas na hora em que as decidi, não estava pensando somente em mim ou agindo como uma egoísta, queria ver o bem estar comum. Mas mesmo assim, ainda fico me perguntando onde errei e tentando me vigiar o tempo todo para não errar.
                É muito ruim quando você tem a sua história atrapalhada pelos outros. Nossa vida é um crescimento constante, hoje você provavelmente está bem melhor do que há alguns anos em vários aspectos.  Mas, e quando algum intrometido te atrapalha? Quando seus pais fazem tudo errado? E quando seu marido, que tinha tudo que qualquer ser humano normal deseja ter, com um lar e uma família linda, resolve se matar? E então, ter que começar tudo de novo, do zero?
                Tantas pessoas da minha idade e da minha época que viveram linearmente e quando olho para elas sinto uma certa inveja. Não do que elas têm de material, até porque eu nem sei o que muitas delas têm. Mas porque elas construíram uma vida de forma constante, crescente, sem intromissão de ninguém que as forçasse a começar tudo de novo, de uma maneira louca, sem precisar fazer coisas absurdas para sobreviver.
                Existem certas decisões que não adianta revogar, não adianta chorar o leite derramado. Mas mesmo essas, ainda podem ter seu lado positivo. Eu fico pensando se tivesse feito de outra forma, mas a essa altura, não adianta ficar nessa. Tenho mais é que seguir, sacudir a poeira e fazer a coisa certa com o que tenho. Mesmo imaginando que jamais pensei em passar por algumas situações. E é isso que dói. Fora o fato de ter sido forçada a ser adulta muito cedo. Como é que eu passei de criança que assistia Xuxa todo dia para dona de casa? Como é que eu hora estava andando de bicicleta lá na minha cidade do coração, com o vento (que adoro) no rosto, sentindo toda a liberdade que eu poderia ter naquela idade e de repente eu ter que tomar conta de compras, casa, banco, dinheiro, carro, marido, filhos, emprego e por aí se vai? Por que as pessoas se acharam no direito de atropelar minha vida, maltratando-me e me colocando em situações mais do que absurdas, que as pessoas da minha idade não passaram?
                Por que eu tive que ir para uma delegacia simplesmente porque minha mãe queria me dar uma prensa, queria mostrar que era ela quem mandava, sem que eu nunca fumasse maconha ou usasse outras drogas, nunca cometi nenhum crime e não passasse de uma menina medrosa que teve que perder o medo de tudo para sobreviver?
                Por que eu tive que andar a pé até a desnutrição enquanto estava no começo da faculdade, por que eu tinha que comer o que me davam de ajuda, porque eu não tinha dinheiro nem pra ônibus nem pra almoço, mas para os meus pais nunca faltou carro, comida e lazer?
                Por que eu tive que assumir a educação de um jovem sem que eu nunca tivesse tido nenhuma experiência com cuidado de outras crianças, ainda mais em se tratando de adolescentes, uma fase extremamente difícil? Como, se eu mesma era adolescente?
                Por que eu tive que ficar calada até adoecer, doença essa que carrego até hoje, comendo meus ossos, minhas cartilagens e me obrigando a tomar altas doses de morfina todos os dias?
                Meu espírito é de natureza livre. Não leviana, mas livre. Livre para poder ajudar quem eu queira, conversar, ter um amigo do coração, poder me deslocar para onde quiser, o que não significa que curto festas e baladas, não bebo nem fumo, mas acho que não existe melhor passeio do que ver vitrine de shopping com meus filhos. E por que tive essa liberdade arrancada de mim, meu amigo expulso da minha vida e minhas asas cortadas? Tudo foi se juntando de forma que hoje procuro me libertar desse peso acumulado nos ombros. Muita coisa ainda dói muito, porque não depende só de mim. Espero que logo, logo, tudo se resolva, para que eu possa então partir para outros rumos, em busca de minhas realizações que não incluem somente a mim. Quero ter tranquilidade para poder voar, com responsabilidade, com amor, com atenção. E quero sentir a leveza que uma mulher de quase quarenta anos deve sentir, com toda a realização e felicidade que deve ser sentida. Não quero me olhar no espelho e me ver cansada de tanto lutar, nadar, nadar e morrer na praia. Quero ver a tranquilidade de uma missão cumprida. Eu sei que isso hoje, atualmente, é meio difícil, volto a dizer, por conta da dependência de outras pessoas. Mas espero um dia poder sentir novamente aquela liberdade cheia de leveza, alegria e amor, muito amor.

                

quinta-feira, 13 de abril de 2017

LUTO

            Existem muitas formas de luto.
            E existem muitas causas de luto.
           A maneira como cada um vai sentir é própria, inerente de cada um. Não existe um padrão. Você pode chorar, pode ficar calado, pode gritar, espernear ou simplesmente ficar quieto e sentir-se o mais miserável dos seres. Pode exagerar na comida, na música, na farra, na bebida, fazer seja lá o que for. E do mesmo jeito, existem várias causas desse sofrer e não somente por causa da morte.
          A morte pode despertar vários sentimentos e emoções, desde uma aparente indiferença até o desespero total. Quando meu esposo faleceu eu fui da descrença até o ódio mortal, este último sendo justificado, na minha cabeça, pelo fato de ter sido de forma deliberada. Passei por maus lençóis, com duas crianças para dar conta, uma vida financeira completamente forasteira para mim. Depois de casada, nunca mais havia feito compras em mercantil, não sabia quanto custava o quilo de nada e muito menos qual a senha do meu próprio cartão. Então, ter que descobrir como me apropriar de tudo isso, enterrar um marido (que também não é fácil em termos burocráticos, além do sentimental), enfrentar a vida com meus dois filhotes, pôs-me em uma situação de pânico completo. Lembro perfeitamente de uma vez que fiquei um bom tempo com a cabeça debaixo do chuveiro pensando em como seria a nossa vida dali pra frente, se eu iria conseguir levar tudo certinho.
            Meu luto foi meio louco e extremamente vigiado. Eu não podia apresentar nenhuma reação alegre em nenhum momento, pois os meus sogros, especialmente a minha sogra já estava ali para me lembrar e condenar que eu havia perdido o marido, o grande filho dela. Ele realmente era um homem bom, responsável e de bom caráter, como poucos. Mas eu tinha duas vidinhas que precisavam de estímulos e precisavam entende o que estava acontecendo e eu não podia simplesmente parar, colocar a cabeça no meio das pernas e chorar o tempo todo. Foi uma situação atípica, onde por um lado eu tinha que mostrar aos filhos força para continuar, que eles tinham que aprender a superar, a vida continuava e de outro, nos momentos em que eu queria fazer o que me dava na telha para enfrentar meu luto, tinha que me comportar de um modo padrão, pois qualquer vacilo poderia ser motivo para um monte de falação. Mal sabia eu que tanto fazia eu seguir as regras como não e quem sabe se eu não tivesse seguido-as, a coisa tinha sido diferente.
            O ser humano quando quer é a pior coisa que se pode ter ao lado da gente. Jamais vou entender certos comportamentos. Mesmo eu fazendo de tudo para não machucar ninguém e deixar bem claro o quanto de falta ele estava fazendo, ainda saí de ruim da situação toda, levando minha família, naquele momento composta somente por nós três, a ouvir e ver certos comportamentos e comentários horrorosos e condenatórios que até hoje não entendo a necessidade. Mentira, calúnia, fofoca, parece que tudo o que estava sendo seguro pela barragem da presença do meu falecido esposo veio à tona depois que ele se foi. E por isso tive que dar início à minha peregrinação por um local decente e apropriado onde meus filhos pudessem viver e crescer de forma saudável.
            Nessas horas, embora seja um jargão comum, é que conhecemos as pessoas. Todas as máscaras caem e podemos identificar quem realmente se importa com o outro, quem se preocupa em ver o próximo bem.
            Até hoje vivo numa luta constante para ver meus filhos o mais confortáveis possível, em todos os aspectos. Isso não quer dizer que eles tenham tudo o que querem, pelo contrário, as dificuldades são grandes por conta de todo sufoco daquela época que ainda respinga hoje. Mas elas vão passar de vez. Minha doença, na cabeça de alguns familiares a grade causadora do enorme sofrimento do meu esposo falecido, avançou demais e com isso não é sempre que posso fazer o quero, do jeito que quero, na hora que quero. Mas existem pessoas que me ajudam muito e dedicam a vida a batalhar junto comigo para que todos nós fiquemos bem.
            Eu é que, por vezes, não acho justo que ninguém se prenda a mim ou deixe e fazer outras coisas por minha causa. Não gosto disso, pois acho a liberdade um direito essencial e quando eu vejo que posso impedir alguém de fazer algo, sinto-me um completo estorvo. E aí, aquele luto enraivado aparece de novo. Não posso desistir de viver nunca, mas a tristeza por vezes toma conta de um jeito que não sei o que pensar.
            Queria muito que as coisas fossem diferentes, mais fáceis, melhores. Sei que a vida não é um mar de rosas e não teria graça nenhuma se o fosse o tempo todo. A beleza está na luta diária também. Mas mesmo essa luta cansa e desanima às vezes, principalmente quando dependemos de outros para que nossas coisas andem. Só um pequeno exemplo: todo o dinheiro que juntamos durante anos, inclusive heranças de meu pai, dinheiro do carro que vendi na época e não tive tempo de comprar outro, ainda está preso, há quase seis anos. Mesmo se tratando de um processo fácil, tanto ele quantos outros direitos que meus filhos têm, ainda não estão resolvidos então, quando passo por alguma dificuldade financeira, a primeira coisa que me lembro é disso e me sobe uma raiva, uma indignação sem tamanho. Até bem pouco tempo não era assim, mas as necessidades das crianças aumentam e eu, pode você dizer até que é exagero, sinto-me decepcionada, enraivada, pensando em até onde isso vai. Acho que por isso tudo, meu ciclo de luto ainda não terminou completamente. Penso que só vai finalizar no dia em que conseguir colocar tudo em ordem e me livrar de toda nesga do passado.
            Espero que daqui a pouco eu venha com notícias melhores.

            Paz e bem.   

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Para ajudar você

     Achei um aplicativo onde as pessoas, de forma anônima, escreviam sobre seus problemas, falavam sobre tudo o que sentiam, suas dúvidas, angústias e os usuários respondiam com dicas, conselhos ou simplesmente poderiam enviar algum "carinho virtual" para quem estava precisando. Fiquei pensando em como seria bom se eu pudesse ajudar as pessoas a tirar suas dúvidas, principalmente as relacionadas à minha área. No aplicativo, cheguei a responder algumas pessoas, quase que "orientando" algumas mulheres sobre saúde sexual e reprodutiva e também sobre algumas questões comportamentais, psicológicas. Senti-me muito bem, muito útil e comecei a buscar uma forma de ajudar mais gente. Eu mesma publiquei um tópico sobre algo que estava me incomodando demais e recebi respostas maravilhosas. Então, como disponho desse pequeno espaço aqui, quero tentar ajudar quem quer que seja, quem estiver precisando de uma orientação, de uma palavra confortante. Deixo bem claro que não digo a ninguém que abandone tratamentos ou que não busque orientação médica quando necessário. Mas quero ser apenas aquele ouvido virtual, já que usamos bastante essa tecnologia diariamente e por incrível que pareça tendemos a ser sinceros na internet, quando estamos escondidos na forma de um perfil desconhecido. Então, a partir de agora, se você quiser perguntar algo, tirar alguma dúvida ou simplesmente desabafar sobre qualquer assunto que seja, estarei aqui para ouvir e conversar. Só se identifique se quiser, esse não é o foco. O objetivo é ajudar as pessoas a colocar para fora o que está incomodando e dar-lhes uma palavra de orientação e conforto. Não sei de tudo, aliás, ninguém sabe. Mas quem sabe a gente possa encontrar um caminho ou o fato de desabafar já melhore, alivie? Seja lá qual assunto for. Estou às ordens, ok? Aguardo. Valeu!

quinta-feira, 16 de março de 2017

Das voltas que a vida dá

          A vida é um ciclo onde aquele local, aquele momento que já vivemos, pode voltar a ser vivido a qualquer momento. São fases, mas fases que circundam a nós e se formos um pouco atentos podemos perceber quando isso acontece. É um fenômeno que nos dá a oportunidade de melhorar, pois a partir do instante em que voltamos a viver aquela situação, podemos melhorá-la, consertá-la, corrigi-la. 
          Estava em meu escritório lendo a bíblia, vendo alguns trechos sugeridos bastante interessantes e de repente me vi novamente na casa da minha avó, onde passe uma parte de minha infância. Incrível com eu me senti lá, com o mesmo cheiro, a mesma luz, a mesma calmaria que a rua dela tinha naquela época. E não foi a primeira vez que senti isso e sempre que acontece, procuro ver o que está faltando eu fazer para me sentir bem. Não que hoje eu me sentisse mal, mas novamente fiz uma reflexão sobre como estava minha vó, por exemplo. É meio complicado de explicar, mas espero conseguir. 
          Às vezes algumas situações nos põem em contato com os nossos, com o nosso passado ou com algum problema ou momento feliz. Uma palavra, uma conversa, uma fala consegue nos conduzir até aquela lembrança de algo que muitas vezes está mal resolvido. Não necessariamente nos traz más lembranças, mas pode nos dar o privilégio de nos sentir bem de novo, como um momento vivido de felicidade e de paz. É nessas horas que devemos aproveitar esse ensejo e fazer uma avaliação de como estamos em relação ao que lembramos. Será que falei tudo o que queria falar naquele momento? Será que eu agi de maneira correta com aquela pessoa? Eu poderia ter vivido melhor aquela situação? Magoei alguém naquela ocasião?
          É tudo como um flashback, como um filme rápido que nos traz sensações de toda ordem. Colocamos-nos de novo ali, naquele dia, naquela hora para podermos analisar e ver se realmente vivemos corretamente, se agimos de modo digno ou se poderíamos fazer melhor. Aproveitemos essas sugestões do tempo para nos melhorar. Pensemos no que fizemos de certo para continuar fazendo mas não deixemos de lembrar do que erramos, para que possamos consertar enquanto ainda é tempo. Um dia, aquela(s) pessoa(s) que estava(m) lá conosco pode(m) não estar mais e não teremos mais a oportunidade de nos corrigir diante dela(s). 
          Então, prestemos atenção a cada dia, a cada gesto, a cada palavra. Vejamos se magoamos alguém, se realmente precisava ter falado daquele jeito ou se poderíamos ter agido de modo mais sutil, mais educado. Se vivermos muitas situações de modo errado, teremos que nos corrigir muito mais vezes e perderemos um tempo precioso, que poderia estar sendo utilizado para fazer o bem. Não ajamos com grosseria, pensemos que aquela agressão pode se voltar um dia contra nós e não vamos gostar. 
          Na dúvida, siga a dica: somente faça ao outro aquilo que você gostaria que fizessem com você. Peça perdão quando necessário, fale brandamente com quem esbraveja, não copie o mau exemplo. Quem faz o errado se desconcerta diante do certo e perde forças para continuar errando. Não se combate violência com violência, rancor com rancor. Combate-se a antipatia com simpatia, a grosseria com bons modos, a raiva com amor, a ignorância com paciência. Aproveitemos essas voltas que a vida dá para sermos melhores, fazendo o certo seremos melhores, indubitavelmente. Desse modo as chances de acertar aumentarão significativamente e a vida se tornará bem mais leve, fácil de ser vivida e feliz.  

segunda-feira, 13 de março de 2017

Cada povo tem o governo que merece

13/03/2017 18:18h 
O país todo está passando por uma crise sem tamanho. Muita gente está sofrendo por falta de emprego ou dinheiro curto. Acaba nos afetando também porque dependemos dos outros para ganhar um dinheiro extra, extremamente necessário todos os meses. Mas todo começo de ano é assim. No Brasil, parece que as coisas só andam depois do carnaval, olhe lá se não na Semana Santa. Estou decepcionadíssima com este país. Somo de uma extensão territorial gigantesca, mas a vida que os brasileiros leva difere em muito do potencial que essa terra tem. Somo tão ricos que mesmo sendo roubados desde a sua descoberta, ainda temos muito a oferecer.  
         Políticos e outras figuras públicas sempre se aproveitaram para comer seu pedaço, garantir o seu, desviando dinheiro de saúde, educação e de outros setores importantes. O que era para ser destinado a fim de aliviar a fome e a pobreza acaba nos cofres de bancos em outros países. E, com a cara mais limpa do mundo, pedem voto e apoio em todas as eleições, as mesmas caras lisas. Fazem reformas absurdas, criam leis que garantam seus privilégios e o povo se fodendo. O mais absurdo ainda é que, por uns míseros trocados, muita gente troca seu voto. E assim, continuam a eleger os mesmos caras de pau, dizendo que já que eles roubam, deixa ao menos ganhar 50 reais (ou menos). 
      Cada povo tem o governo que merece, que é sua cara. Não acredito em ninguém da classe política e não vejo como sairmos desse buraco, pois por mais que pareça, não existem super heróis, nem ninguém disposto a lutar pelo país sem ter grandes benefícios. Ah, o juiz tal não é assim. É assim sim. Hoje mesmo ele leva vantagens que ninguém vê, mas leva e vai levar muito mais se continuar o seu endeusamento. Ah, mas bom era na época do outro presidente. Mentira. Em todas, digo TODAS as épocas a corrupção rondou nosso país, sugando-lhe todas as energias possíveis. Ah, mas fulano rouba, mas faz. Grande conformismo, não é?  A que ponto chega a consciência de um povo que poderia ser e ter muito mais. Somos cabeças baixas, ainda que tentemos falar, pois quando um fala, faz-se de tudo para calá-lo. E somos contra o sistema até a hora de entrarmos nele, pois a aprtir do momento em que conseguimos alguma vantagem, começamos a agir de forma semelhante aos calhordas que nos comem pelo pé. Começamos a querer tirar o nosso pedaço do dinheiro público. Vê se algum político, ainda que tenha origem humilde, anda de metrô, com em outros países europeus? Vê se alguma figura pública tem um apartamento modesto MANTIDO PELO SEU PRÓPRIO SALÁRIO, como em outros países? Vê se tem alguém do poder utilizando um avião comercial, desses que todo mortal comum usa? Não tem! Porque a partir do momento que recebemos algum poder, a cerne da corrupção começa a falar mais alto e queremos esquecer nossas convicções verdadeiras, as que eram a favor de uma igualdade entre as pessoas.  
     Não falo que os outros países são a maravilha do mundo, mas estão a anos luz na nossa frente principalmente em termos de civilidade. Aqui, cidade limpa é uma exceção, que merece reportagem e exaltação, como se fôssemos animais que adoram estar no lixo. Sofremos de doenças há muito erradicadas em outros locais, como a dengue. Mas não somo capazes de ser higiênicos e organizados dentro de nossa própria casa, que dirá no espaço público. Por mais que alguém mantenha sua casa limpa, em ordem, não existem garantias de que o mosquito não vá surgir e causar um estrago, porque o vizinho não está nem aí se o quintal dele está cheio de poças de água ou pneus velhos. Esse egoísmo é o retrato de nosso atraso. E por causa desse egoísmo, não podemos sair de onde estamos, pois somente se caminha para a frente quando se pensa coletivo, em humanização, em preocupação com o próximo. Não é uma questão de religião. É uma questão de empatia. Quando começamos a nos preocupar com o outro, sentimo-nos bem e progredimos. Quando começamos a cobrar nosso direitos, estamos cobrando pelos direitos de todos e assim toda uma população pode se emancipar. Um pensamento tão fácil, um sentimento tão bonito e legal, não devera ser deixado de lado. Mas não, só pensamos no nosso pedaço, no nosso conforto. Ah, mas eu não maltrato ninguém nem meus empregados, pago direitinho e não exijo demais deles. Não faz mais do que a sua obrigaçãoQuem trabalha quer receber. Mas quantos canalhas existem por aí que exigem nosso sangue não nos pagam e nem dão uma satisfação, muito embora não queiramos satisfação e sim nosso pagamento.  
               Existem, claro, algumas organizações, movimentos legítimos, que buscam a valorização do homem, que cultivam bons hábitos e o respeito mútuo. Mas são tão poucos em relação ao tamanho de nosso povo que quando surgem são matéria de jornal, como se fossem exceções. Não é para ser tratado como exceção e sim como regra. O ser humano dispõe de tudo para ser bom, basta querer que o mal não tome conta de seu coração. E quando falo aqui de mal, nãme refiro somente a crimes, a barbáries. Essas, infelizmente, são exaltadas desde jornalecos sensacionalistas até grandes emissoras, que nem valem mais a pena assistir, pois tratam a violência como se fosse algo absolutamente normal. Dizem que se não fizer assim, não ganham audiência. É o cúmulo do absurdo. As boas ações e bons exemplos não garantem audiência, não atraem pessoas interessadas em aprender o que é bom. É o cúmulo do absurdo, total retrocesso moral ao qual nos acostumamos e que é tão difícil sair dele. Mostra toda a nossa pequenez de espírito, nosso conformismo imoral, que não leva a lugar nenhum.  
        Quantas pessoas você conhece que tentaram fazer algo de bom e foram caladas? Quantas dessas pessoas foram mal compreendidas, violentadas e até mortas? Quantas dessas pessoas continuaram a lutar e quantas delas desistiram? É fácil saber, todo mundo conhece alguma dessas pessoas, seja muito conhecida ou alguém da cidade ou bairro onde vivemos. Como disse antes, a exceção virou regra. O errado virou o correto e o bem é mal, um total falta de bom senso, algo tão simples de ser implantado,, mas tão difícil de ser praticado.   
      Só vamos crescer enquanto povo civilizado quando começarmos a pensar em NÓS ao invés de EU. Somente quando tivermos consciência de que somos capazes de lutar pelo que queremos e sermos o que quisermos. Quando ensinarmos às nossas crianças a serem honestas, leais e humanas, quando as repreendemos por bater no coleguinha ou quando quiserem por fina força um brinquedo que não é dela ou que não pode ser comprado. Somente quando cultivarmos bons hábitos, bom caráter e exterminarmos a corrupção e a desonestidade dentro de nossos próprios lares. Quando estivermos pensando no coletivo, aí sim, podemos sentar e conversar a respeito de futuro. Por enquanto, ainda não dá. É uma grande pena, mas ainda não dá. Quem sabe em uma próxima geração.