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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Dooooooooorrrr

Está difícil de aguentar. A cada dia que passa ela está mais malvada. Dói, dói, dói. Tem dias que consigo pensar nela como uma vizinha chata, ou aquele companheiro de trabalho pentelho. Tem dias que eu vejo dores maiores e me envergonho. Mas não sou robô, não sou de ferro e a sinto. Estou cansada. Muito cansada. Todo o meu ânimo para trabalhar, sorrir e brincar hoje está ausente. Hoje estou de luto por tudo o que gosto de fazer e não posso. Pelas correrias do dia a dia, pelo trabalho aposentado, pela academia, pelo namoro com o companheiro, pelas andanças de moto, pela velocidade do carro, pela música alta, pelas dançadas noite afora, pelas viagens, pela saudade de tudo o que sempre gostei de fazer. Quem me ama diz que vai passar, que é só fase.Mas HOJE não estou conseguindo enxergar a coisa assim. Não é uma fase, é uma piora é um câncer que a cada dia vai acometendo mais partes do meu corpo, me dizendo que não tenho mais o direito de ser quem sou. E haaaaaja remédio. Pra quê? Pra daqui a pouco passar o efeito e começar tudo de novo? Minha árdua escolha: ou tomo remédio ou tomo remédio. Pra que tratamento? Ela é progressiva, ela é cruel. De acordo com o que creio, estou passando por isso por escolha própria e porque sabia que ia aguentar. Mas sabia que ia tropeçar e me sentir como hoje também. Sabia que era passível de sentir tristeza, desânimo, cansaço...
NUNCA mais reclame do seu trabalho do seus afazeres de casa, das suas obrigações. Se você as tem é porque é capaz de fazê-las, tem forças e capacidade para isso. Eu sei que acredito na minha tríade (não é em ninguém que amo, tenho assistência médica e tem alguém com um problema maior do que o meu), mas HOJE, minha tríade não está conseguido acalmar meus músculos, ossos e nervos extremamente doloridos. Eu sei que não posso desistir, eu sei que vou melhorar.Mas estou sentindo AGORA uma dor excruciante. E não sei o que fazer...

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Minha amiga

                Na vida, encontramos pessoas fantásticas, outras nem tanto. Algumas valem muito a pena guardar no coração, outras apenas deixamos de lado e não nos incomodamos mais, porque de nada serva alimentar raiva senão para fazer mal ao coração e à mente. Conhecemos pessoas que lutam por seus ideais, pela sua família, pela sua saúde, isoladamente ou por tudo isso. Eu conheço uma pessoa assim. Ela é mãe, esposa, professora, paciente, dona de casa, enfim, tudo o que se pode esperar de uma mulher que apesar de todos as batalhas, vence cada uma delas e ainda tem tempo e cabeça para ouvir e aconselhar quem está sofrendo ou com algum problema por vezes até pequenos, mas que na visão dela, se estão incomodando, merecem ser ouvidos e resolvidos.
         Ela me ensinou muita coisa nesse caminhar da minha doença. Eu sei, existem outras que podem desempenhar o mesmo papel, mas ela se tornou especial por carregar um fardo que maltrata tanto, que pode desestruturar famílias, como o câncer. Ficou carequinha, linda, ficou cheinha, com certeza sofreu os efeitos colaterais do tratamento agressivo para esse agravo, mas soube confiar em Deus para poder voltar para a sua família sã e salva, a fim de dar continuidade à missão de cuidar de sua família. Seu filhinho, hoje um rapagão lindo, estudou com o meu filhinho (que também está imenso hoje) e quando olho pra ele me dá saudade dos tempos em que tinha filhos pequenos, do meu falecido marido e da vida que a gente levava, de um tempo de tranquilidade em que a minha preocupação maior era trabalhar para ajudar no sustento dos meus filhos e cuidar deles intensivamente, porque dependiam em tudo de mim. Morávamos num apartamento pequeno, tínhamos um carrinho, mas tanto eu quanto ela tínhamos nossas vitórias diárias e isso nos fazia feliz. Não que hoje esteja ruim, de modo algum, hoje a vida realmente está muito boa, graças a Deus, com toda luta, mas graças a pessoa como ela, a labuta se torna mais doce, mais leve, porque ela sabe o que dizer e quando dizer. Posso até não ter o contato diário, mas é alguém que sei que posso contar para me emprestar um ombro quando estiver cansada e também pode rir comigo.
         Só tenho a agradecer por toda a torcida dele por mim que ela siba que eu e minha família a guardamos e à sua família no nosso coração. Do mesmo modo que sei que posso contar com ela, quero que ela saiba que pode contar comigo. Quase todos os anos o nosso ponto de encontro é o aniversário dos meninos. E que depois, quando se tornarem mais independentes ainda, que continuemos anos encontrar para colocar a conversa em dia, como se tivéssemos nos visto semana passada.
         Obrigada, Francisca. Espero que esse pequeno texto consiga traduzri todo o meu sentimento de gratidão, de amor, de carinho de tudo de bom que achoo que você é. Obrigada pelo exemplo de vida e fé. E jamais esqueça que estamos aqui, eu e minha família, para o que der e vier.

         Fique com Deus.