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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Quadripé para viver

     Até bem pouco tempo atrás eu acreditava em três coisas para seguir em frente com essa doença mal humorada que tenho. Eu tinha que seguir um objetivo, recitar um mantra, a fim de facilitar um pouco as coisas, para que eu não caísse com facilidade nas ciladas que a bendita me arma de vez em quando. Não que ele deixou de me pegar, mas com esse "trio" de frases eu conseguia me esgueirar mais e as quedas não ocorriam com facilidade. Só que com algumas experiências que tive ano passado, resolvi mudar o meu tripé. Não que seja somente a isso que tenho que agradecer, mas eles conseguiam resumir uma boa parte do que realmente importava. A prova é tanta que fiz essa ampliação e hoje conto com um "quadripé" para seguir caminhando. 
     O primeiro pensamento é: tenho que agradecer o fato da doença ser em mim e não nos meus filhos ou em alguém que amo. Filhos, familiares e amigos ficam numa situação de impotência diante dos meus urros de dor. É uma situação chata, que incomoda, por que nem sempre tenho como sair para ir a um serviço de saúde e nem sempre a medicação que tenho em casa resolve. Sem falar que mãe ou pai nenhum quer ver seu filho ou filha sentindo uma dor imensurável e muito menos não ter como dar um remédio ou dar um jeito de passar a dor o mais rápido possível. Fora isso, as limitações do dia a dia também não ajudam. Não sempre que posso ir para onde quero, não posso fazer grandes planos simplesmente porque não sei como estarei. 
     O segundo pensamento é: tenho que agradecer por ter condições de pagar um plano de saúde. Do jeito que a situação da saúde pública brasileira está, depender dela seja lá para o que for, é um perigo. É desgastante, chega a ser imoral o atendimento prestado pelo serviço público. meu plano não é o top, mas tenho a onde me dirigir caso seja necessário ir a um hospital. 
     O terceiro pensamento:costumamos reclamar de tudo, da vida, do emprego, da família,do nada, e quando não estamos reclamando ainda assim achamos motivo para reclamar. Mas basta olharmos para o lado e veremos pessoas em situações muito, mas muito piores do que a nossa. Aliás, não temos motivo para achar nada ruim na frete dos problemas dessas pessoas. E sabe o que é melhor? Elas não reclamam. Elas sorriem. Elas te dão um tapa na cara pra ver se acordamos, elas nos mostram como é que se deve viver, mesmo carregando problemas que muitas vezes não conseguimos nem imaginar como poderíamos carregar. Situações inimagináveis. Dores físicas e espirituais, do corpo e da mente, dos sentimentos. E muitos deles estão ali na lita, sem desistir. Acreditando que tudo vai dar certo, que vai melhorar. E nessa hora sentimos muita vergonha das nossas reclamações por quase nada ou nada. 
     Prestando atenção ao que as pessoas fazem por mim, ao cuidado que recebo da minha família, ,ao amor que eles me devotam, elaborei o quarto pensamento: tenho que agradecer toda hora pela ajuda que recebo. Meus filhos sabem o que fazer caso eu sinta alguma coisa. Pessoas me ajudam com remédios, com outros artigos e com atenção. Tantas pessoas que nem conheço direito ajudam de modo incondicional. Nunca estou só. Sei que sempre há alguém torcendo pra que tudo saia bem, entregando-me em suas orações. Minha família e meus amigos são minha segurança.
     Então, pense bem antes de começar a reclamar por algo. Pense se você realmente precisa falar isso ou aquilo. Não se canse com esse tipo de coisa. Use sua energia para resolver seus problemas, problemas que não são privilégios só seus, pois todos têm. Não estou dizendo que você deve deixá-los pra lá, afinal são seus incômodos e você tem que buscar uma solução. Mas tente fazer isso do modo mais tranquilo possível. Assim as soluções fluirão com muito mais facilidade e você se sairá muito bem. 

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