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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Climatério

Estou a retomar meu blog, meus escritos.
Foi muito tempo ausente e nesse momento, lembrei que é preciso organizar as ideias para colocar em prática nosso roteiro de vida. Meu punho está dolorido e escrever à caneta dói mais, então, lembrei dessa minha ferramenta, há tempos guardadinha e que me serve tanto.
Estou passando por um momento diferente. Aquele momento parecido com a passagem da infância para a adolescência e desta para a fase adulta. Não sou idosa, mas alguns cuidados e atitudes deverão me acompanhar a partir de agora. Não sou paciente geriatra, mas em todas as óticas que entro para fazer um orçamento de óculos, perguntam-me se já uso lentes progressivas. Justo eu, que tenho fama de ter "cara de novinha", de "não aparentar a idade que tenho". Será que meus quarenta nos já estão tão aparentes assim? Será que tenho que me despedir à fina força da juventude? Será que devo deixar de lado meu espírito jovem, que crê que a juventude pode ser eterna e devo me comportar como uma boa velhinha? E quando eu chegar aos 50? Será que vou me sentir mais velha e acabada ainda? 
Penso que estou entrando no climatério. Já avise ao meu companheiro que tenha paciência, que nem sempre a raiva que sinto é dele e que nem sempre tem motivo, assim como o choro descontrolado. Ele, mais uma vez e apesar de não ser um ser perfeito, está sendo mais do que perfeito ao me compreender e deixar pra lá muita coisa que talvez se eu não tivesse conversado, ele não deixaria. A chave para este meu momento é justamente essa: conversa. Preciso de conversa, de colo, de compreensão e graças aos céus, estou tendo. Mesmo assim, ainda tenho explosões homéricas, que se eu não colocar para fora, acho que morro. Mas creio que passará, não é possível. Vejo senhoras bem mais velhas que eu afirmarem categoricamente que vivem bem, obrigada e que se sentem jovens como nunca. Deus queira que isso seja verdade e não mais um jargão feminino. Não é fácil. É horrível em alguns momentos querer matar e esfolar um e em outros chorar que nem uma criança desmamada. Mas tomara que esse desequilíbrio hormonal todo tenha uma justificativa e um desfecho feliz, pra que eu possa agradecer por ter passado e chegado mais adiante. Sinto saudade, às vezes, daquela eu paciente, que resolvia tudo de bom humor... Mas parece que pisaram tanto e desacreditaram tanto, machucaram tanto, que me tornei uma brutamontes. Ainda bem que existem pessoas que gostam de mim, que me amam e por isso me toleram e me ajudam. Pode ser que eu tenha passado a vida toda a cativar essas pessoas e agora preciso delas mais do que nunca. Prometo que vou ao médico pra saber se existe alguma saída biológica e alopata para isso. Mas, por enquanto, a minha alma está confusa, encharcada de hormônios que a bagunçam e a desequilibram. Não que eu esteja sofrendo de surtos de irresponsabilidade e loucura desmedida, mas estou longe do equilíbrio e domínio de mim mesma e da situação que costumo e gosto de ter. Tomara, Deus, que os anjos que o Senhor colocou pra cuidar de mim tenham paciência até o final. Eu lhes digo, não sou uma má pessoa. Sou uma pessoa precisando de ajuda, em apuros emocionais, mas que acredita que um dia tudo passará e se resolverá da melhor maneira. E dessa fase eu só quero levar a experiência de conhecer quem realmente gosta de mim e do aprendizado sobre as diversas situações da vida que uma mulher, viúva aos 34 anos, com dois filhos pequenos para criar, sem saber nem a senha do próprio cartão do salário, pode ter.
E por me encontrar onde me encontro é que tenho que desabafar e continuar acreditando na minha tríade da gratidão: porque tenho ajuda e cuidado,, porque tenho condições de acesso médico e o meu semelhante que está pior do que eu consegue sorrir e por que eu não? Prometo que venho aqui a partir de hoje contar como está sendo essa experiência, se ela pode me trazer algum benefício e quais os problemas que preciso enfrentar. Vai ser bom para mim desabafar. Só espero que eu me sinta melhor, para que as pessoas que convivem comigo se sintam bem e não me achem um fardo para elas. Principalmente meus filhos e meu companheiro, que são por quem acordo todos os dias e batalho para me manter de pé e com forças para tudo. 
EU AMO VOCÊS!