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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Quase morte




     Dias desses inventei de tomar um medicamento pra emagrecer que estava sendo vendido pela metade do preço na internet. Ao invés de criar vergonha na cara e procurar fazer exercícios físicos e uma dieta legal, procurei (como grande parte dos mortais) o caminho teoricamente mais fácil. Mas se realmente fosse mais fácil e eficiente, com certeza metade das pessoas ou mais que procuram esses métodos tinham o problema resolvido. Ao chegar, vi que o tal "medicamento" era à base de cafeína e que eu devia me preparar para uma mudança revolucionária na minha vida, porque eu iria emagrecer mesmo! E para tal eu deveria me preparar tanto física quanto emocionalmente. Como já havia ingerido medicamentos e outras bebidas à base de cafeína, achei que não teria problema. As instruções eram bem claras: dois comprimidos, apenas e durante no máximo dois meses. Beleza. Todo mundo aqui em casa quis tomar, inclusive meus filhos. Graças a Deus eu disse na mesma hora que não. Tomei eu e meu esposo. Passou um tempinho, almoçamos e nada. Tudo bem. Depois de uns quinze minutos comecei a me sentir mais ativa, com mais energia e essa sensação foi se tornando mais intensa a ponto de me incomodar. Fui deitar um pouco e a sensação piorando. Comecei a suar frio. O coração acelerou, a pressão subiu e comecei a passar muito mal. De forma que fui parar no hospital. Muito mal mesmo. Mais uma vez estava naquela situação em que a fragilidade impera e achava que iria morrer (já havia passado isso em uma reação alérgica).
     Senti a necessidade de fazer tanta coisa... O sentimento de que se fosse realmente morrer naquela hora eu poderia ter feito muito mais. E fiquei diante da nossa impotência e da certeza de que o ser humano pode ser considerado muito forte, como se apresenta em algumas situações, mas somos tão frágeis que jamais deveríamos ser tão soberbos e prepotentes. O orgulho reinante, a autoridade e falta de preocupação com o próximo nos mata lentamente e se não podarmos esses sentimentos, numa hora em que nos colocamos diante da morte física eles veem nos assombrar. O corpo humano é frágil, é algo que sucumbe a um gole de determinado veneno ou uma bala pequena. Então se quisermos enfrentar essa fragilidade e ficar bem na fita na hora em que podemos ir, plantemos as boas sementes. Façamos o possível para trilhar o bom caminho e chegar nessa hora com o corpo até frágil, mas com a alma plenamente fortalecida pelos bons sentimentos e sem arrependimentos por não ter feito nada bom, pelo contrário, chegarmos com a sensação do dever cumprido. 

     


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