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quarta-feira, 23 de março de 2016

Crises

Estamos passando por um período de crises de todo tipo. Acho que as pequenas crises foram se acumulando até chegar a um nível insuportável, como uma panela de pressão que não segurou mais a tampa. É muita coisa ao mesmo tempo. A fragmentação familiar, a quebra de valores que sustentavam as relações, a desvalorização do ser humano e do meio ambiente e a valorização do mau caratismo... Parece que agora estamos naquele período onde se faz necessária uma lavagem geral, um desmascaramento de tudo e de todos, revelando as verdadeiras faces de cada um... O mundo está estremecendo, as relações estão se tornando impraticáveis, inviáveis, muito por culpa da intolerância e pela corrida pelo poder, além do acúmulo desenfreado de bens materiais em detrimento do caráter. Não temos a quem pedir ajuda, orientação, estamos perdido no meio de um tiroteio virtual,, onde não existe segurança e a privacidade de cada um agora é matéria pública. A internet nos expõe, a cada passo que damos, a cada fala que proferimos, estamos falando não mais só para o nosso ouvinte íntimo, mas sim para todo o planeta. O que se faz nas nossas alcovas no mesmo instante é motivo de discussão no outro lado da terra. Os valores estão invertidos, a violência é aclamada, o bandidismo é valorizado, confiamos mais no traficante que toma conta do bairro do que na polícia, que no final das contas também tem bandido infiltrado. A vida humana nunca foi tão banalizada e o cuidado com pais e filhos acabou, a ponto de se matarem por nada e sem nenhum remorso. O sexo domina a mente de quem se diz artista, dos produtores de programas que buscam audiência mostrando as piores formas de relacionamento, como se tudo aquilo fosse normal e deve ser aceito como tal. A depravação tomou conta das artes, que ficou sem pé nem cabeça, sem nenhuma mensagem construtiva para passar. Não existe mais o belo, o delicado, e sim o grosseiro, o depravado. Não existe mais a calma e sim a agitação de cada um querer se colocar acima de tudo e da lei. A lei está aí, foi proclamada, afirmada, justificada, colocada sob a forma de constituição, para nada. Não se segue lei. Pra quê lei? O que os próprios governantes estabeleceram de comum acordo seguir, não pode mais ser aplicado, pois todos estão acima da lei. Tudo se pode fazer fora da lei, pois não acontecerá nada ao transgressor. Não existe razão para seguirmos nenhuma regulamentação, nenhuma norma, que foi tão discutida no objetivo de promover a pacificação de um país. A única esperança é que após esse período convulsivo, a calmaria retorne e quem sabe possamos começar do zero. Quem sabe possamos reconstruir uma sociedade séria, com valores importantes para a sua manutenção. Vamos ver quem vai sobreviver, quem vai ficar de pé por não ter nenhum resquício de canalhice e quem vai poder falar em alto e bom tom, de cara limpa, que não tem nada a esconder. Mas a verdade é que não temos, pelo menos nesse momento, ninguém a quem possamos recorrer a fim de representar as boas virtudes. Mesmo aquele que pensávamos ser imune à corrupção, no fundo tem raízes profundas no mar de sujeira moral. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos, colocar nossa voz em cena e ver como poderemos nos organizar de forma a refazer a nossa sociedade de modo digno, transformando esse imenso país num lugar maravilhoso de se viver.

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