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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Minha juventude perdida; velhice encontrada

Às vezes acho que perdi a minha vaidade. Perdi a minha juventude. Perdi todos os encantos, que já não eram muitos. Sempre fui uma pessoa de ficar quieta pelos cantos por não ser dona de uma beleza que chamasse a atenção, nem que fosse um pouco. Mas percebi, semana passada, que o pouco que eu tinha, já se foi. Passo hoje por uma senhora mais velha, sem nenhum atrativo que possa chamar a atenção de seu ninguém. Não que esse fosse um objetivo de vida, ou que eu me sinta magoada por isso. Não. É apenas um comentário, de como a vida da gente evolui e aqueles jovens que pensam que podem tudo e que sabem tudo devem ter esse cuidado, de não quererem ser os donos da razão. A vida passa, a beleza vai embora e as rugas ficam. O rostinho sem marcas, o bumbum durinho, tudo é substituído. E aí a gente tem que buscar novas formas de se gostar. E é justamente aí que acontecem as mais diversas bizarrices: é gente velha se vestindo como adolescente, é plástica por cima de plástica e às vezes com resultados escabrosos e por aí vai.
                É nessa fase que, teoricamente, já devemos estar com alguém que nos aprecie do jeito que somos. Que viveu junto com a gente nossos melhores momentos de juventude e hoje tem muita história pra conversar. Não estou dizendo também que devemos colocar uma burca para sair na rua ou que não devemos fazer um conserto aqui ou ali se não estivermos satisfeitos. Condeno os excessos. Até porque a partir de agora, estamos entrando numa idade em que é bonito ser exatamente o que somos, devemos nos tratar para conservar o que somos. Mas não buscar mais aquelas características juvenis, pois pareceríamos ridículos. Não adianta querer ter o corpo de 18 anos. Temos mais é que cuidar do corpo de 38. Temos mais é que amadurecer nossa mente, pois isso é o realmente importa agora. Sem ser piegas, nessa fase o mais bonito e encantador que temos é o espírito, que não precisa envelhecer, apenas amadurecer. E se não temos ao nosso lado aquela pessoa que nos acompanhou desde sempre, sem problemas. Podemos viver sem isso ou quem sabe, com toda a nossa beleza interior, encontremos esse alguém agora, mas sem fazer disso uma obsessão. O que interessa é a nossa vontade.

                Fui comprar fivelas para a minha filha e perguntei à vendedora o que ela achava de um determinado acessório que escolhi para mim. Ela disse que na idade que eu estava, eu poderia usar o que quisesse. E pensando bem, ela tem razão. Sou adulta, tenho o meu salário, pago as minhas contas e impostos, não dependo de ninguém. Sou viúva, amo demais minha família, gosto de artesanato, entre outros hobbies, como ler, e adoro me transportar para outros mundos ouvindo música. Gosto de ver um bom filme com meu amor do lado. Então, tenho tanta coisa que tantos e tantos brigam para ter, que não me importo se não tenho mais o bumbum durinho ou não posso dar tchau de braços abertos. Tenho muitas outras coisas bem mais interessantes a oferecer. E besta é quem não quer. Falei e disse. 

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