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domingo, 14 de fevereiro de 2016

Morte

Hoje recebi a notícia de que meu tio havia falecido. Ele era uma pessoa boa, que me ajudou em alguns momentos da vida e sempre tinha um sorrisão no rosto. E esse texto é dedicado a ele. 
Mentira que a gente se prepara para a morte, seja a nossa ou de outrem. Por mais que conversemos, busquemos respostas aos nossos questionamentos, o risco de desabarmos quando ela chega é grande. E isso não nos faz fracassados por não ter se preparado. Por mais trabalho que dê aquele parente velhinho doente do qual estamos cuidando, não queremos que ele se vá. Mesmo nesses casos, quando a dona morte chega, sempre sofremos demais. E quando nos vemos na iminência de morrer, o medo, o pavor toma de conta de nossas mentes. Gente que nunca rezou nessas horas se apega fervorosamente com Deus e busca lá na memória esquecida as orações aprendidas do catecismo de mil anos atrás. A base religiosa ou qualquer orientação espiritual pode até nos dar respostas sobre nosso destino pós morte e de certa forma pode nos confortar. Mas não tem jeito: quando chega a hora, preparemo-nos para sofrer, chorar, flutuar na aflição. 
Uma das maneiras de amenizar um pouco a nossa consciência em relação aos que se foram é conversar sobre o fato, conhecer o que nossos estimados pensam a respeito desse acontecimento. Isso nos faz tomar as providências solicitadas e dessa forma ficarmos um pouco mais em paz com a gente mesmo. É uma forma de egoísmo, afinal quando fazemos isso estamos pensando em nosso conforto, mas necessário para ter um pouco de paz de espírito, ficarmos quites com aquele que se foi. 
Só posso dizer: conversem sobre a morte com seus próximos. O que ele deseja vestir; onde quer ser enterrado; qual o santo da sua lembrancinha; qual o destino dos seus bens materiais. Enfim, falem abertamente, para que tanto quem parte como quem fica tenham tranquilidade de consciência. Isso evita muita briga de herança e poupa muito desgaste, diminui as incertezas sobre as vontades e opiniões do outro sobre o assunto. E sempre que puderem e quiserem busquem alguma base psicológica/espiritual para que nossas perguntas não fiquem tão sem respostas.
Outra coisa: sei que a vida nos afasta demais de quem amamos. Daquele tio/primo/amigo que temos tanta vontade de visitar e sempre arrumamos a desculpa de não ter tempo. Se você não priorizar essa visita, a dona morte vai te surpreender ainda mais. E aquela sensação de "devia ter ido lá antes" toma de conta. Certo que vivemos num mundo de correria, mas todo esse correr não merece o nosso sofrimento quando nossos estimados se vão. Não vale a pena. Então, deixe de arranjar desculpas e vá, visite quem não vê há muito tempo, diga aos que merecem que os ama, abra-se. O tempo é cruel. Não volta. Liberte-se dessa sensação ruim de "poderia ter feito ou dito algo". E fique bem com você e com quem se foi. Isso faz muita diferença. Garanto. 

 

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