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segunda-feira, 1 de maio de 2017

O roteiro de Belchior

             Hoje foi o dia do grande Belchior.
            Para ser mais exata e a título de registro, foi em 29 de abril de 1017, na cidade de Santa cruz do Sul, no meu querido Rio Grande do Sul.
        Começo, novamente, a me questionar a respeito de certos acontecimentos, relacionamentos e futuro. Recuso-me a acreditar que ficamos perdidos no espaço e tempo após a nossa ida. Não aceito que toda essa nossa energia simplesmente se dissipe e se perca e a coisa siga como se não tivesse existido nada além de nada onde antes havia uma mente brilhante, uma vida cheia de histórias, exemplos, gestos, falas e lições, além de muito sentimento. Não é possível que tamanho dispêndio energético simplesmente desapareça. Não falo que religião A ou B estão corretas ou que certa doutrina ou aquela detém a razão. A coisa é bem maior do que isso, muito maior do que nossa mente pequena e pouco utilizado cérebro possam compreender.  E não tem jeito, enquanto formos infantes não teremos a certeza exata do que acontece após a grande viagem, até porque a forma de viajar é peculiar de cada um. Não existe uma generalização.
            Independente do modo de partida, como já diz o ditado, o que faz a diferença é o modo como se viaja. Digo melhor, o modo de como nos preparamos para a viagem. Será que quero viajar logo? Será que alguém me ajudou a arrumar as malas ou ajudei a fazer as malas de alguém? Será planejei criteriosamente o meu roteiro ou simplesmente estou “deixando a vida me levar” e depois vejo no que dá?
            Existe muita preocupação com o transporte e o caminho. Mas não vejo preocupação igual com esses detalhes, tão importantes para que tenhamos uma partida feliz, tranquila, sem arroubos ou grandes tristezas, apenas deixando para trás o que é mais do que normal: aquela saudade gostosa, que consola nosso coração com a felicidade de termos feito parte da preparação do roteiro de alguém. Chorar faz parte, fazer escândalo, não.
            Infelizmente nossa pequenez nos leva a querer fazer tudo do jeito que der, não importando a preparação. Com isso, não importa como amos, que horas vamos e quantos só viajam porque outro simplesmente assim o quer, por motivos impossivelmente mais fúteis e grotescos.
            Mas não estou a falar disso hoje. Estou a agradecer aos céus por ter nos enviado tão grande alma, tão espetacular mente, que nos inspirou e nos inspirará ainda por muito tempo. Se alguém soube ajudar as malas e organizar o roteiro de viajem, esse alguém foi Belchior.
            Obrigada por tudo. Quem sabe um dia nos encontramos e eu poderei agradecer-lhe pessoalmente.

            R.I.P., Belchior. 

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