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sábado, 28 de janeiro de 2017

Sonha, Alice

Coitado de quem for tentar entender o universo feminino. Ou a cabeça de uma mulher. Ou mais especificamente, a minha cabeça. Penso tanta coisa ao mesmo tempo, que posso sentar querendo escrever sobre um assunto, digitar outro e fazer anotações obre outro mais diverso ainda. Às vezes fico pensando se é muito difícil par alguém me entender, e chego à conclusão que não, sou gente boa e capaz de de adaptar a tudo e a todos. Mas, no fundo mesmo, não é bem assim. Posso dizer que estou carente mesmo com o marido e filhos o tempo todo ao meu lado, simplesmente porque eu falei algo que não recebeu a atenção, ou porque não recebi o beijinho de despedida deles. Posso ter uma força imensa pra enfrentar uma crise de dor daquelas de moer, e posso morrer de chorar por causa de uma palavra dita de modo mais desatencioso. Gostaria muito que me entendessem, mas não consigo entender nem a cabeça dos homens, que tem fama de ser mais resolutiva, direta, que dirá a minha própria. Posso ser fiel, leal, amiga, companheira e por mínimos detalhes armar a maior vingança de todos os tempos a quem pra cima de quem me machucar. Eu dizia que era paciente, quando mais jovem, mas acho que essa virtude não me pertence mais... Sei que faço parte dos que prezam a política da boa vizinhança e faço tudo para manter a paz, mas talvez por passar por cima de tanta coisa em pro da calma, que viro um bicho indomável quando o copo entorna e aquela gotinha é mais do que suficiente pra derramar água do copo cheio. Eu tenho certeza que não sou a pior nem a melhor pessoa do mundo, mas há momentos em que acho que ninguém me supera em termos de maldade e bondade. Sim, às vezes sou muito convencida, a modéstia mandou lembranças. Mas tudo isso porque não sou formada de só de emoções ou só de razão. Sou um caldeirão de tanta coisa, que só provando pra saber se gosta, que nem quando colocamos várias frutas diferentes no liquidificador: o sabor pode ser ótimo (ou não), independente da fruta que ali se colocou. Você pode misturar cítricos, doces, azedos e no fim a mistura dar certo (ou não). Mas experimente: posso ser uma vitamina de sabor agradável e ainda trazer inúmeros benefícios. Somente quando a vida coloca frutas azedas demais o sabor pode sair um pouco alterado, mas há quem goste. Portanto, não me machuque. Respeite minha condição de ser muitas ao mesmo tempo e ser só uma. Respeite quando eu digo que amo, porque seu eu digo, é porque amo de verdade e parece que eu mesma preciso afirmar isso o tempo todo, pois amar só uma pessoa não combina muito com meu multi-eu. Já fui muito machucada, mas não quero fazer disso uma bandeira pra se ter pena de mim. Vivo com uma condição física extremamente dolorosa, mas também não quero que esse seja um motivo para condolências. Acima de tudo, sou um ser pensante, cheio de sentimentos, ideias, pensamentos. Sou a favor da troca de sentimentos pura e simples, do toque diário mesmo que não descambe para a relação sexual em si e da troca de olhar e palavras que dizem tudo. E isso não me faz uma pessoa melosa, nem metódica demais. Tudo deve ter seu equilíbrio. Não é difícil, mas sonha, Alice, que você pode me entender. Talvez o primeiro passo passo é me amar; daí por diante, quem sabe eu mostre aos poucos o que se passa dentro da minha cabeça, como diria Fábio Jr. Garanto que você vai gostar.

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